Luizito Suárez – A história verdadeira

luis-suarez--644x362Depois dos dois golaços de ontem pelo Barcelona, Luizito Suárez teve a sua vida escarafunchada, inclusive sendo revelada uma passagem rubro-negra, só que, contada pela metade…

A história verdadeira aconteceu no final de 2005, quando assumi a vice-presidência de futebol, ao lado de Hélio Ferraz. No Uruguai tenho um grande amigo, que entendo como um irmão de vida. Seu nome é Atílio Garrido, jornalista, historiador, escritor e um dos principais executivos da Tenfield, principal empresa de marketing esportivo do Uruguai. Um belo dia, Atílio empolgado por eu ter assumido o futebol do Flamengo, me chama pelo telefone dizendo que havia um jogador muito jovem, cujos direitos pertenciam ao Nacional, em que ele seria capaz de apostar todas as suas fichas. Disse que o nome do jogador era Luis Suárez e afirmou tratar-se de atacante espetacular. Como não estava lidando com ninguém interessado em fazer um bom negócio e, sim, com alguém que queria exclusivamente me ajudar, pedi que ele pesquisasse o tema, se aprofundasse, pois era importante saber se o Nacional toparia conversar e o que pensavam os dirigentes uruguaios com relação a uma possível transferência do jogador. Dois dias depois Atílio me liga e diz que 80% dos direitos econômicos do jogador poderiam ser cedidos por 500 mil dólares. Aí começou o nosso exercício. Óbvio que, dinheiro em caixa, no Flamengo não havia. Como a oportunidade continha uma margem de erro insignificante pela confiança que tenho no meu amigo, coloquei este tema na minha cabeça como prioritário. Alguém sugeriu que eu comprasse e emprestasse o jogador ao Flamengo. Apesar de ser uma possibilidade para não se perder o jogador, havia um outro lado, ético e, insuperável. Como um dirigente pode ter interesse financeiro em um jogador? Para quem tem a linha reta como padrão de vida, impossível. Então, me surgiu uma ideia que possibilitaria o Flamengo ter o jogador, no mínimo por cinco anos, sem gastar um único centavo e, quem sabe, tudo dando certo, usufruir um dia da metade do lucro gerado por uma transferência para o exterior. Aí entra um personagem importante, o empresário Eduardo Uram que, como tinha ligação com um dirigente, dirigente este, a meu conceito, de propósitos duvidosos, imaginava que comigo seria difícil fazer qualquer negócio com o Flamengo. Pois bem, chamei Eduardo Uram na minha sala e disse que as portas do Flamengo estariam sempre abertas para ele, desde que, o negócio que viesse a trazer fosse bom para o clube e, para materializar o meu pensamento, falei do assunto Luis Suárez, propondo o seguinte: Ele compraria o jogador, pagando integralmente os 500 mil dólares ao Nacional e, ato contínuo, cederia 50% dos direitos ao Flamengo, que faria com o jogador um contrato de cinco anos. Eduardo pensou e perguntou se poderia ir ao Uruguai pesquisar o tema e me responder, no máximo, em 15 dias. Após a minha concordância, Eduardo Uram embarcou para Montevideo, levando com ele o pai de Ibson, que realmente conhece tudo de futebol, e o nosso Andrade que, segundo Claudio Coutinho, foi o maior marcador do futebol brasileiro e, mais recentemente, nosso treinador no hexa Campeonato Brasileiro. Vencido o prazo, após observações em treinamentos e jogos, Eduardo Uram me telefona do Uruguai e, meio sem jeito, afirma que não estava sentindo firmeza em fazer o negócio, que tinha dúvidas com relação ao talento do jogador. Só me restou lamentar e muito mais ainda, quando pouco tempo depois, soube da transferência dele para o futebol europeu. O resto, todo mundo sabe…

Atílio Garrido, toda vez que o assunto é Luizito Suárez, não perdoa, dizendo: “ Uran, muy buena gente, pero de fútbol, no entiende nada…” Se bem que, de lá para cá, Eduardo Uram, que continua sendo gente muito boa, já deve ter aprendido bastante. Ali, o Flamengo perdeu um super craque e Uram, certamente, o melhor negócio da vida dele…

Coisas do futebol…