O dia do Rádio

Esta é a data consagrada para homenagear o mais popular e democrático veículo de comunicação. Hoje é o dia do Rádio.

Desde menino, o rádio exerceu sobre mim um fascínio indescritível e, de forma ampla, pegando todos meus “lados”. A paixão pelo futebol e pelo Flamengo, a música, e a necessidade que sempre tive de estar bem informado.

Na paixão pelo futebol e pelo Flamengo, diria mesmo que o Rádio solidifica, ou seja, na realidade é um vício, no bom sentido. Os talentos do rádio, os programas do rádio, o poder de imaginação que o rádio desenvolve em cada um de nós, fizeram de mim um amante do futebol e um rubro-negro completamente apaixonado. Lembro que, ainda menino, não desgrudava do meu radinho de pilha, querendo saber tudo sobre o Flamengo. Na hora do almoço, havia uma resenha esportiva na Rádio Continental que era devorada por mim, todo santo dia, de segunda a sexta, do meio dia até uma da tarde. Meus pais bem que tentaram me fazer entender que aquele momento era de encontro familiar, oportunidade única para colocarmos a conversa em dia e, que aquela “falação”, aquele “blá, blá, blá”, estava atrapalhando um pouquinho. Sim, “um pouquinho”, porque faltava a eles a autoridade para pegar pesado, pois a paixão pelo Flamengo nada mais foi do que um seguimento da mesma paixão deles. Nos acertamos, combinando que, toda vez que o assunto fosse Flamengo, teria eu o direito de ouvir como bem entendesse, ou seja, com o volume máximo. O restante, a menos que houvesse influência para a nossa causa de amor comum, em volume moderado…

As transmissões esportivas eram verdadeiras óperas, regidas por extraordinários maestros da comunicação esportiva. Os talentos do rádio transformavam um jogo de futebol, num evento de sonhos e paixões.

A música, outra paixão de vida, também foi estimulada pelo rádio. A rádio musical, primeira no Rio de Janeiro, foi a Rádio Tamoio, e seu criador, foi um gênio do Rádio, José Mauro, com quem tive o privilégio, bem mais tarde, isto já em 1969, de trabalhar na Rádio Tupi. A parada de sucesso era definida pelo ouvinte, que identificava a sua música predileta, indicando uma cor. “Agora, a música escarlate, The Beatles, Let it be”… aí, o ouvinte ligava e dizia apenas, “música escarlate”… Genial!!! Este programa era de segunda a sexta, de cinco às seis da tarde. Na segunda hora do programa, voltavam as músicas mais votadas. Audiência, descomunal. Depois, no mesmo trilho, surgiu a Rádio Mundial, com uma proposta mais jovem e, durante muito tempo a briga foi Tamoio x Mundial, em que o único vencedor foi o ouvinte.

O famoso “Jornal Falado”, ou seja, o noticiário geral, continua sendo uma marca registrada do Rádio. A Rádio Globo optou pela hora cheia, com “O Globo no ar”, e a Tupi, em outra jogada genial de José Mauro, cravou seu noticiário sempre cinco minutos antes, quando faltavam cinco minutos para a hora cheia. Era, e continua sendo, o horário de “Sentinelas da Tupi”. Esta parte da programação (noticiário geral) caiu tanto no gosto popular que, como no caso da CBN, que é só notícia e, o seu slogan, diz tudo: a rádio que toca notícia.

Não falei do Rádio entretenimento, com seus comunicadores espetaculares e até suas novelas e seriados, que marcaram época. O Brasil inteiro parava para ouvir na Rádio Nacional, “Jerônimo, o herói do sertão”.

O Rádio é tão amplo e apaixonante que ficaria aqui, durante horas e horas, falando sobre ele. Que fique a nossa homenagem sincera, profunda e carinhosa, a todos os companheiros que fizeram do Rádio este veículo de comunicação, para mim, inigualável. Gosto de mim quando me sinto coerente e, este é um caso típico. Em três oportunidades, mestre Armando Nogueira, que comandava o jornalismo da TV Globo, tentou me tirar do rádio e, claro, me levar para a TV. Nas três oportunidades disse a ele, agradecido pelo reconhecimento profissional, que a minha paixão era o Rádio. A TV me projetaria mais, independentemente do aspecto financeiro, mas como paixão não tem preço, continuei no Rádio. E nunca me arrependi.

Este post é dedicado, com o maior amor do mundo, a: Jorge Curi, Doalcei Camargo, Waldir Amaral, João Saldanha, Rui Porto, Oswaldo Moreira, José Mauro, Paulo Max, Mario Vianna, Loureiro Neto, Antônio Porto, Celso Garcia, Afonso Soares, Alberto Rodrigues, Mario Luiz, Raul Brunini, Luiz Brunini, Walter Mello e, a outros queridos companheiros que não mais estão entre nós, que fizeram parte da história do Rádio e fizeram de mim um ser humano melhor.

Que saudade de vocês…