Agradecimento

Em meu nome e em nome de todos os companheiros e amigos deste blog, o muito obrigado ao talentoso Eduardo Bisotto, pelo conteúdo do seu comentário, e pelo lindo texto.

Pode ser que alguém venha até a interpretar como cabotino de minha parte, em função da mensagem pra lá de carinhosa, mas como não repetir aqui esta aula de um pouquinho de cada coisa: Vida, futebol, Flamengo e cultura.


Caro Kleber:

Tenho o prazer de acompanhar seu blog desde que ele nasceu. Como já escrevi aqui anteriormente, não há paralelo no Brasil: um dos maiores e mais vitoriosos dirigentes esportivos do país se expõe da forma como você faz, correndo riscos, dando cara a tapa, mostrando posições, debatendo e se expondo ao escrutínio público permanentemente.

Comecei a acompanhar seu blog porque sou um apaixonado por gestão esportiva, especialmente no futebol. Meu Inter já foi um case de sucesso no ramo. Hoje nos perdemos no que vejo ser o mesmíssimo problema do Flamengo: uma belíssima gestão administrativa e o futebol sendo tocado por quem não é do ramo.

Temos no Brasil um problema histórico: o carteiraço baseado na nossa tradição bacharelesca. O cidadão não se apresenta e se impõe pela qualidade dos seus argumentos e de suas realizações, mas pelos “títulos” que ostenta. “DOUTOR Fulano”, “VOSSA EXCELÊNCIA Beltrano” e por aí vai. Que dirigente brasileiro pode dizer que tirou O MELHOR JOGADOR DO MUNDO DO BARCELONA e o repatriou, no auge da carreira? Que dirigente brasileiro, em diversas funções, conquistou tantos títulos quanto você? Que empresa de marketing esportivo já organizou tantas competições com sucesso quanto a Klefer?

É curioso: Walim ataca o populismo de Cacau Cota e em seguida investe no populismo mais rasteiro existente neste país, o discurso de que os apoiadores de Bandeira são “ricos”. O último grupo político que investiu neste discurso no Brasil encontra-se na cadeia.

Walim fala de ausência de comando no futebol e defende um comitê gestor que dilui qualquer comando no setor. Walim reclama da falta de autoridade no comando do futebol e pretende nomear um executivo que pouco tempo dispõe para sequer estar no país. Walim quer se apropriar de todos os sucessos da atual gestão e se livrar de todos seus problemas e aí vira definitivamente o samba do crioulo doido: quando ganhou ele era o VP de futebol. As derrotas é porque ele não tinha tempo de estar presente. É vergonhoso.

Igualmente vergonhoso é o desrespeito com a história da instituição. Parece que o Flamengo simplesmente não existiu antes que o iluminado Walim e seus amigos resolvessem salvá-la do naufrágio. O Flamengo não foi hexacampeão brasileiro antes de Walim. O Flamengo não foi a maior torcida do mundo antes de Walim. O Flamengo, em suma, não é nada sem Walim. Arrogância e prepotência sem limites. Mais uma vez, só encontro paralelo no rapaz do discurso do “nunca antes na história deste país”, às voltas no momento com a tentativa de não parar na cadeia.

Isso pra não falar da patacoada do ex-Presidente Márcio Braga “metendo o pé na porta e exigindo que Kleber Leite seja o VP de futebol”. Curiosamente Kleber Leite segue escrevendo seu blog desde que Walim acusa Márcio de ter feito isso, segue criticando a falta de comando no futebol e apresentando sua visão de maneira clara, límpida, honesta e exposta ao público. Porque Walim não fez ou faz o mesmo? Porque este populismo rasteiro buscando ganhar a eleição a qualquer custou, inclusive ao custo de tentar desacreditar toda a história do Clube e de seus dirigentes mais vitoriosos?

Pra encerrar, uma história: trabalho com redes sociais de maneira intensiva, porque elas são fundamentais no trabalho jornalístico que realizo em meu site. Por dever de ofício, monitoro campanhas, hashtags que estão bombando, assuntos mais comentados. Semana passada vi duas hashtags subindo no Twitter. Uma era “#AgoraÉVerde” e a outra era “#ChapaVerde”. Fui ver do que se tratava. Vi que era sobre a eleição do Flamengo. Primeiramente, foi óbvio na largada o uso intensivo de robôs, programas que twitam automaticamente, sem qualquer relação com usuários de verdade. Segundo, apliquei um filtro para ver da onde partiam: São Paulo! No Rio de Janeiro não entravam nem nos 20 assuntos mais comentados!

Gosto de Bandeira. Como falei no começo, sou apaixonado por gestão esportiva e creio que ele fez um excelente trabalho neste primeiro mandato no Flamengo, a despeito da fogueira de vaidades que teve de gerir em seu grupo original. Não se pode deixar de notar: dirigentes que construíram a grandeza do Flamengo como você, Kleber, o grande Márcio Braga, dentre outros, ficaram escanteados e tratados como párias no começo do mandato de EBM. Mantiveram silêncio, foram discretos, humildes e costuraram sua volta. Porque são DA INSTITUIÇÃO, porque aquele papo de “nada do Flamengo, tudo pelo Flamengo” que a Chapa Verde usa como discurso eleitoral, é vivido por estes dirigentes na prática.

Toca o barco, Kleber! Tu és maior do que tudo isso. MUITO maior! Quem sabe um dia teremos o prazer de tomar um vinho, conversar e eu possa aprender mais. Se não acontecer, só a existência deste espaço já servirá para que eu aprenda muito.

Inclusive a me comportar com decência, com ou sem poder. É nisso que se mede a grandeza humana.

Boa sorte na eleição. Não tenho qualquer dúvida que os sócios do Flamengo saberão encaminhar esta instituição gigantesca, centenária, verdadeira Nação de volta ao rumo do sucesso.

Forte abraço e fica com Deus!

Eduardo Bisotto