A Grande Polêmica

JCesarBahia700Houve um belo dia, na minha segunda passagem como dirigente, em que recebi as visitas ilustres na sala da vice-presidência de futebol, de Joel Santana e Romário, respectivamente, treinador e capitão do nosso time.

Conversa vai, conversa vem, os dois defendiam a tese de que o Flamengo precisava – com urgência – de goleiro, pois, segundo eles, o então titular era bom tecnicamente, mas “chamava gol”…

Como era impossível se contratar alguém de peso da noite para o dia, a solução foi apagar o incêndio com alguém da base. O titular da equipe de juniores era Marcelo Leite, porém, na reunião com Marcos Paquetá, que era o treinador dos juniores, foi passado de modo claro que o melhor goleiro do Flamengo tinha apenas 17 anos, era titular da equipe juvenil e se chamava Júlio César.

Com o aval do treinador Marcos Paquetá de que o garoto, além de baita goleiro, tinha uma cabeça boa e não tremeria, assumimos juntos o risco, e Júlio César saiu direto do time juvenil para ser o goleiro número 1 dos profissionais. Deu tudo certo. Júlio César foi campeão da Copa de Ouro da Conmebol e campeão da Copa dos Campeões Mundiais. Mesmo assim, a comissão técnica entendeu que, pelo fato de ser muito jovem, e pelo fato comprovado dos jogadores jovens oscilarem muito, o risco de se ficar a pé de uma hora para outra era grande e, ficou decidido que deveríamos contratar um goleiro experiente e bom. Assim, Clemer foi contratado. Apesar de Clemer ter sido um bom goleiro e correspondido, não faltou quem comentasse que este fato atrasou a carreira de Júlio César.

(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

Praticamente dez anos depois, algo parecido. Não no gol, mas com quem faz gol.

Carlos Alberto Torres, Muricy Ramalho e o Apolinho Washington Rodrigues, criticaram a contratação de Leandro Damião que, na opinião deles, vai ocupar o espaço e quem sabe, comprometer a evolução natural de Felipe Viseu.

Querem saber o que eu acho? Que a vida de dirigente de futebol não é fácil como muitos imaginam. Primeiro, há a possibilidade de Guerrero ser transferido para o exterior ainda nesta janela. Se não está certo, mas pode acontecer, não há como criticar quem toma o cuidado de resolver agora o que não será possível depois, na medida em que a janela para contratar termina primeiro do que a janela para vender. Se esta transação está bem encaminhada ou quase certa, o dirigente sequer pode se defender com o argumento óbvio da possível negociação, pois provavelmente deixando vazar a notícia possa comprometer o negócio.

Agora, se existe a certeza de que Guerrero não vai ser negociado, são outros quinhentos… Aí, tendo Guerrero e Vizeu, gastar o suado e difícil dinheirinho contratando mais um centroavante, quando o time carece de um jogador criativo e de um muito bom atacante que jogue com o centroavante, convenhamos, seria muito pouco inteligente. Pior do que isso, seria explicar a contratação apenas para tirar um “sarro”na turma de São Januário, que já tinha Leandro Damião como contratado. Aí, o amadorismo seria imperdoável, o que diga-se de passagem, não acredito.

Ontem, alguns companheiros comentaram o tema que, mais apimentado ficou com o depoimento de Muricy Ramalho no programa do meu amigo Galvão Bueno.

Este é o dia feito para os comentários e, por coincidência, é o nosso dia da polêmica.

A bola está com vocês…