Convite para uma análise mais profunda

(Foto: Gilvan de Souza/ Flamengo)

(Foto: Gilvan de Souza/ Flamengo)

Como sempre, também ontem e hoje, li todos os comentários. Talvez por ser algo cultural ou, reação natural diante de um resultado inesperado, na média, sobrou para o treinador. Todos aqui sabem que, após vivenciar inúmeras situações, concluí que dirigir o time principal do Flamengo, é missão para profissional qualificado como sendo de linha de frente, ou seja, experiente e, vencedor.

Também, aqui mesmo neste blog, reconheci que ante às circunstâncias, a diretoria do Flamengo não tinha outra opção qual não fosse, de forma interina, utilizar os serviços profissionais do técnico Zé Ricardo. A partir daí, houve um longo período em que Zé Ricardo dirigiu o time mesmo na condição de interino, até que foi efetivado. O meu convite para uma análise mais profunda começa exatamente no sentido de que esqueçamos tudo que acabei de colocar, seja como opinião pessoal ou, rememorando os fatos.

Amigos, seja no futebol, na quitanda, na padaria, na instituição bancária ou, em qualquer lugar, conversar para decidir, é preciso. O que ocorreu ontem, quando o time foi escalado de forma equivocada, colocando em risco uma possível e importante conquista, foi o resultado, possivelmente, de falta de conversa, de se debater um tema importante, não deixando a decisão para uma só cabeça.

Há por parte de alguns companheiros de imprensa o pensamento definitivo de que o dirigente não deve interferir na decisão do treinador. Diria que, depende do que se trata. Se for uma opção técnica entre esse ou aquele jogador, claro que a decisão é exclusivamente do treinador. Escalação é com o treinador, competindo ao dirigente a filosofia, o que ontem foi o caso. Escalar um time titular ou um time reserva, é decisão para ser tomada em conjunto e, que o dirigente não tem o direito de se omitir, goste ou não o treinador. Já passei por esta experiência e, aqui já contei o ocorrido. O treinador, à época, havia decidido colocar um time reserva em um jogo pra lá de importante. Houve a conversa e ele entendeu que havia extrapolado o limite da sua função. Ainda bem, pois se não tivesse entendido, o preparador físico iria dirigir o time.

O Flamengo tem um presidente que gosta de futebol e está sempre presente. Tem um vice-presidente de futebol atuante. Tem um ministro sem pasta, meu amigo Plínio, com grande experiência. Entre os remunerados, há o diretor geral Rodrigo Caetano, além do nosso Mozer. Será que ninguém quis saber do treinador o que ele pretendia fazer? Que time ia colocar em campo? Abro parênteses para garantir que alguns dirigentes se sentem inibidos, achando que podem constranger o treinador. Só que, mesmo que isto aconteça, é muito melhor constranger circunstancialmente o profissional, do que ficar envergonhado após tomar de 4 a 2 e, quem sabe, com o sentimento de culpa de não ter ceifado a ideia pouco feliz que testemunhamos ontem.

Em síntese, muito mais importante do que discutir se Zé Ricardo, é bom, ruim ou mais ou menos, é que o time que joga fora das quatro linhas – composto pelos dirigentes não remunerados e pelos dirigentes remunerados – entenda que, por mais competente que seja um profissional, quando há em jogo o indiscutível interesse do clube, não é pecado exigir participar de uma decisão. O pecado é a timidez, que é parente da omissão. Conversar, quando necessário, é fundamental.