O futebol está ficando muito chato

(Foto: AFP)

(Foto: AFP)

Acredito que a maioria dos amigos do blog tenha tomado conhecimento do desabafo da goleira americana, Hope Solo, após o jogo pelas quartas de final dos jogos olímpicos, contra a seleção da Suécia. Hope, entrevistada após a partida, afirmou que as suecas foram covardes, jogando o tempo todo na defesa, pedindo a Deus por uma decisão por pênaltis. Pois bem, a Federação de Futebol da terra do Tio Sam acaba de anunciar que a goleira da seleção e do Seattle Reign, está suspensa por seis meses pela “infeliz” declaração.

Caramba, eu como repórter ouvi mais de uma centena de vezes desabafos absolutamente iguais. Como dirigente, outra centena de vezes. A única diferença é que ninguém foi punido por isso. Este tema vem em boa hora, na medida em que há para tudo na vida um limite, inclusive para o tal fair-play, inventado pela Dona FIFA. Meus Deus, será pecado alguém afirmar que a tática utilizada pelo adversário foi uma tática covarde, isto é, que o time que estava do outro lado entrou em campo para não perder? E nisto tudo, onde fica o direito sagrado de expressão?

Hope não fez nenhuma acusação que agredisse a dignidade de qualquer jogadora sueca. Hope, apenas disse que o time adversário entrou em campo pensando única e exclusivamente em se defender. Inconformada e de cabeça quente pelo fato do volume de jogo apresentado pelas americanas não ter sido suficiente para garantir a vitória, encontrou a sua explicação para a eliminação precoce nas olimpíadas do Rio. Aliás, é bom registrar que não está em julgamento se Hope teve ou não razão no conteúdo, isto é, se o que disse fazia sentido. Isto é outro problema. O que estamos debatendo é que a forma, ou seja, o modo como ela se expressou, para quem conhece minimamente o mundo do futebol, não foi ofensivo e não agrediu ninguém.

O resumo da ópera é que o futebol está ficando muito chato. E, chato está, pelos chatos que, com ar professoral, querem fazer do esporte mais popular do mundo um chá das cinco no colégio Sion. O que querem estas malas? Acabar com a espontaneidade tão pertinente a um esporte popular? Quantas vezes tive que ouvir Manga, goleiro do Botafogo, dizer que adorava jogar contra o Flamengo, pois desta forma, poderia fazer a feira de maneira antecipada, já que o bicho era certo… Claro que, como torcedor, ia à loucura em função da paixão, mas jamais me senti ofendido, pois a gozação fazia parte…

Aqui, apenas um comentário. Lá, a estúpida, grosseira, descabida e desproporcional decisão, representou o final de carreira da mais importante goleira do futebol feminino. Inacreditável!!! Que americanos chatos…