Engenhão na cabeça

Se para o bom entendedor meia palavra é mais do que suficiente, imagine após a entrevista coletiva, quando se pronunciaram os presidentes da FERJ, Flamengo, Vasco e Fluminense.

Está mais do que na cara que já houve um contato por parte da Federação e dos clubes com o magistrado que determinou a realização dos clássicos com apenas uma torcida. E também ficou claro que, de alguma forma, os clubes estão assumindo certa responsabilidade, tanto é que, na coletiva, cada um dos presidentes apelou aos seus torcedores no sentido de que colaborem e tenham em mente que o futuro das arquibancadas nos estádios do Rio de Janeiro, vai depender do comportamento deles, dentro dos estádios e, principalmente, nas proximidades dos mesmos.

No seu depoimento, Eurico Miranda, presidente do Vasco, chegou a exaltar as coisas boas proporcionadas pelas torcidas organizadas, porém, com a mesma veemência destacou que os bandidos infiltrados devem ser expurgados pelas próprias torcidas organizadas. Espero que esta coletiva tenha a repercussão que merece e, em consequência, possa atingir o maior número possível de torcedores.

Pelo sim, pelo não, bom também a Polícia Militar estar atenta no sábado, ao contrário do que aconteceu no jogo entre Flamengo e Botafogo, quando a quantidade de policiais se mostrou insuficiente. Que o policiamento seja numeroso e, que chegue bem cedo ao Engenhão, pois é muito melhor prevenir, do que remediar. Faço questão, eu que critiquei a atitude do magistrado por interferência indevida, de dizer que esta atitude equivocada, ao menos serviu para se debater o tema e, principalmente, ter se chegado a conclusão de que todos são um pouco responsáveis pelo nível de violência a que chegamos, e que a hora da virada tem que ser agora, até porque, se continuar como estava, vamos assistir ao princípio do fim do romantismo no esporte mais popular do país.

Não é possível que qualquer torcedor não consiga raciocinar que a grandeza do seu clube muito se deve aos seus principais rivais. Com certeza, o tamanho do Flamengo, se não existissem Vasco, Botafogo e Fluminense, seria bem menor. E este exemplo vale para todos. Encarar com ódio um ser humano pelo fato de não torcer também pelo seu clube é o maior exemplo de intolerância que se possa imaginar. Aliás, intolerância e burrice, pois se não houvesse o adversário, jogo não haveria…

Que o magistrado torne oficial tudo isso. Que o sábado seja de paz, de bom futebol no campo e de muita alegria nas cadeiras do Engenhão.