Falta de sensibilidade

Não vou conseguir dormir se não deixar escapar o meu sentimento com relação a quão seja importante no ser humano, o mínimo exigível de sensibilidade.

Vamos começar pelo futebol, até porque, será o aquecimento para um assunto mais agudo. Como tenho feito até aqui, me preparei para ver o último jogo da seleção brasileira sub-17, às dez da noite, contra a seleção do Chile. Para conquistar o título, bastava um empate para a nossa seleção. Na realidade o que eu queria mesmo era ver o menino Vinícius Junior, eleito antes do jogo final, o craque do campeonato e, também o artilheiro.

Como vi todos os jogos, como poderia perder a final? E, como deixar de ser testemunha, ao vivo e a cores, da consagração desta joia rubro-negra?

O jogo foi fácil para o Brasil, embora muito pegado e, com Vinicius Junior muito marcado. Metemos 3 a 0, e faltando uns quinze minutos para acabar o jogo, quando a expectativa era pelo gol do nosso craque, se sairia ou não, eis que o treinador da seleção, em momento de rara falta de sensibilidade, retira de campo o motivo principal da grande maioria de quem assistia o jogo já não ter ido dormir.

Do nada, ignorando a inteligência, o bom senso, e em flagrante desrespeito ao óbvio, tira de campo quem merecia ficar até a última gota do jogo. Que insensibilidade…

Segundo assunto, este extrapolando o nosso tema central que é o futebol, e o coração dele, que é o Flamengo.

Esta história da carne, da “Operação Carne Fraca”, merece uma profunda reflexão. Ninguém é tão idiota que não imagine que exista pilantragem em tudo que nos rodeia. A lei do “farinha pouca, meu pirão primeiro” ou, “a de se levar vantagem em tudo” e, não importa como, está – infelizmente – dentro do contexto da nossa cultura. Espinafram a classe política, mas ela nada mais é do que o reflexo do nosso povo, até porque, todos, “inclusive todos” que lá estão, foram conduzidos por quem?

Depois de tudo que li e ouvi, fico com a clara sensação de que a ação da Polícia Federal foi desproporcional, colocando em risco a economia do país. Que nesta história há falcatruas, nenhuma dúvida, até porque, por aqui, há em quase tudo. Porém, dar a dimensão que foi dada, vai uma distância enorme.

Algumas coisas me intrigam. Quem dá o sinal verde para a Polícia Federal tomar tal atitude, na ação e na comunicação? Ou, a Polícia Federal tem total liberdade para agir como lhe der na telha?

No fundo, foi bom ter começado pelo futebol. Neste caso, apontamos a falta de sensibilidade de um profissional, certamente competente, até porque, acabou de conquistar um título importante. Da mesma forma, também comprovadamente competente, a nossa Polícia Federal, desta vez, errou na tinta…

Sensibilidade, é tudo…