A camisa amarela

Recebi um amável convite do presidente do Conselho dos Grandes Beneméritos, Walter Oaquim, para uma reunião hoje, onde vai se debater a tal camisa amarela utilizada no jogo contra o Coritiba, sábado, na Ilha do Urubu.

Infelizmente, por compromissos impossíveis de serem desmarcados, não poderei comparecer, embora a minha opinião já tenha sido aqui colocada. Há uma enorme distância – e um claro conflito de interesses – entre o que seja benéfico no plano comercial para a fábrica de material esportivo (Adidas), e o valor institucional, no caso, para o Flamengo.

Houve quem aqui comentasse que o sucesso foi tão grande que as camisas esgotaram nas lojas. Pergunto: E daí?  Quanto a este fato, relembro que, em 1995, tendo como base a cor azul, só que, também com o vermelho e preto na camisa, aconteceu o mesmo fenômeno, ou seja, tudo vendido em tempo recorde. A diferença é que em 95, esta camisa, a terceira, somente podia ser utilizada em jogos comemorativos, jamais em jogos oficiais. Estranhamente, alguns companheiros membros do Conselho Deliberativo que – lá atrás – votaram contra a utilização da camisa somente para jogos festivos, aprovaram esta, inclusive para jogos oficiais. Aí, convenhamos, a coerência ficou pelo caminho…

Para piorar a situação, esta camisa amarela não leva nada de vermelho e preto, ao contrário daquela camisa azul de 95. Cheguei até a comentar que seria uma boa pedida para os torcedores do Flamengo levarem na bagagem para a Rússia, como traje obrigatório nos jogos da Seleção Brasileira.

Depois me dei conta de que nem para isso serve, pois não há nada na camisa, tirando fora o escuro que, diga-se de passagem, passa desapercebido, que remeta, da forma mais sutil que seja, ao “Manto Sagrado”, às nossas cores tradicionais, à nossa paixão maior…

Quando um clube com jogadores mundiais, como o Barcelona, joga de roxo, é fácil quem está recebendo a imagem em qualquer canto do mundo saber tratar-se do clube catalão, pois no mundo do futebol, não há quem não conheça Messi, Neymar e Luizito Soares. Em síntese, como as caras são mundiais, mesmo sem camisa, todos saberiam que o Barcelona está em campo. Quem não tem jogadores mundiais, como é o nosso caso, e tem a intenção de extrapolar fronteiras, como também é o nosso caso, precisa solidificar a sua marca que, obrigatoriamente, começa pela sua peça principal, qual seja a sua camisa. E, perder esta oportunidade de exibição, em um jogo oficial, com a imagem varando o mundo, convenhamos, não é uma decisão correta.

Claro que, não duvido da boa-fé de quem introduziu o tema no Conselho Deliberativo e, muito menos, de quem aprovou. O equívoco faz parte do ser humano e, se há quem tenha o direito de se equivocar uma vez ou outra é a atual diretoria, composta por pessoas de bem e, altamente qualificadas. Confiando na sensibilidade destas pessoas, fica aqui o convite no sentido de que este tema seja merecedor de uma profunda reflexão.

O “Manto” merece. O Flamengo agradece.