Tempo para refletir

(Fotos: Gilvan de Souza / Flamengo)

Li, como sempre, todos os comentários. Ao chegar no nonagésimo, concluí pela necessidade de dar uma paradinha para uma profunda reflexão.

Não que a média dos comentários tivesse sido contundente além da conta ou, que grandes aberrações tivessem sido cometidas. A minha necessidade em parar para refletir, tem muito de pragmatismo, de sentido prático.

Vamos começar por aí. Pelo prático. Bem ou mal, o elenco é esse aí. Este time ou, este elenco do Flamengo, embora muito criticado, é muito pior do que os melhores do continente?

Pode se admitir que, com um sopro de sorte – até porque sem isso ninguém vai a lugar nenhum – o time, melhor arrumado, possa ir caminhando até chegar a uma final de Libertadores? Quantas e quantas vezes equipes medianas conquistaram títulos importantes? Deixo no ar estas indagações, na intenção de que haja tempo para que se reflita.

Pra começar, proponho quebrarmos o retrovisor. Não adianta, em meio a este momento decisivo, ficar se levantando lebres sobre contratações. O elenco, salvo uma ou outra novidade que possa acontecer, é esse aí. Certo ou errado, bem ou mal contratado. É o nosso elenco. É o que nós temos. E, é por quem temos que torcer.

O rubro-negro – graças a Deus – é exigente por natureza. O que queremos é o Guardiola, ou o Tite, dirigindo o time e, quem sabe, Cristiano Ronaldo e Messi juntos…

Só que há uma enorme distância do sonho para a realidade. E, me desculpem, mas a nossa realidade, se não corresponde ao que sonhamos, também não é esta coisa medonha toda. Ora, se por um momento, alguém admitiu que, mesmo com este elenco tão criticado, podemos – com um pouquinho de sorte – ir “remando”, é sinal de que o diabo não é tão vermelho como está sendo pintado.

E, por favor, que ninguém confunda criticar com não acreditar. As críticas são válidas e pertinentes e, na maioria das vezes, ajudam o treinador a se encontrar. Ontem mesmo, Carpegiani se equivocou escalando Pará, colocando Arão em campo, e trancafiando Vinícius Júnior no banco. As críticas foram perfeitas. Agora, em função disso, deixar de acreditar, são outros quinhentos…

A nossa jornada é dura. No sábado – por que no sábado e não no domingo? – pegamos o Botafogo no Engenhão. Tipo do jogo chato. Embora o Flamengo já esteja classificado para a fase final do campeonato, uma derrota pode gerar uma crise.

Uma semana e meia depois, o primeiro jogo, pela Libertadores, fora de casa. E, no retorno, mais um jogo, no Rio, sem público. Enfim, o panorama não é animador. Se nesta hora não houver um sopro de confiança e carinho, a vaca vai pro brejo.

Por favor, reflitam…


Ia esquecendo. O pau roncou até para o presidente Eduardo e, numa visível mistura de estações, levou umas cacetadas por ter anunciado o seu sonho de ingressar na política. Como no Flamengo a banda toca de acordo com o resultado do futebol – e é assim mesmo que tem que ser, pois o futebol é responsável por 99.9% da paixão rubro-negra – se ele não anda, nada serve, nada presta.

Aí, novamente peço que se reflita. O que este país mais precisa? Simples. Renovar o seu quadro político. Quem está aí, já deu…  já cansou… Deveríamos como cidadãos, encarar a atitude ou o sonho do Eduardo, homem de bem, de reputação ilibada, como o caminho que precisamos para mudar toda esta pouca vergonha que está sufocando o país.

Em síntese, precisamos de mais Eduardos. Isto é bom. Isto não é ruim. Como diria Paulo César Ferreira, uma coisa, é uma coisa. Outra coisa, é outra coisa.

Vamos refletir?