Entregar ou não entregar. Eis a questão!!!

Final do Brasileirão de 2009: jogo duro, decidido com gol de Angelim.

Final do Brasileirão de 2009: jogo duro, decidido com gol de Ronaldo Angelim.

Não é a primeira vez que este tipo de coisa acontece no futebol. Pode ser que lá atrás, numa época mais romântica, a paixão tenha sobrepujado a ética e, um time tenha entregue um jogo, na certeza de estar prejudicando um grande rival. Estamos diante do mesmo fato no jogo programado para domingo, entre Figueirense e Fluminense. Neste jogo, pode estar a vida do Vasco para continuar, ou não, na primeira divisão. Os torcedores tricolores já empunham faixas com a mensagem óbvia: ENTREGA!!!

Para começar, duvido que, mesmo no nosso país tupiniquim, haja um único dirigente que tenha a petulância de reunir seus jogadores e fazer o discurso no sentido de que a rivalidade obriga o time a entregar o jogo. Acho mesmo que, em se tratando de um grande clube, este dirigente estaria sujeito até a levar uns sopapos, pois seria uma proposta pra lá de indecente e, provavelmente, alguns jogadores iriam se sentir ofendidos. Desta forma, enfatizo aqui que, duvido que haja um dirigente de clube grande que tenha esta coragem. Veja bem, eu não disse vontade, e sim, coragem.

O que o dirigente pode fazer, e aí tem todo o direito, é determinar que em campo entre o time de juniores, ou dar férias para todos os jogadores importantes. Agora, dizer na cara dos jogadores que a ordem é entregar o jogo, DUVIDO!!!

O ano de 2009 não está muito distante. Quis o destino que, na última rodada, estivessem brigando pelo título Flamengo e Internacional, e que, nesta mesma última rodada, o adversário do Flamengo fosse o Grêmio, o grande rival do Inter, que não tinha nada a perder no campeonato se vencido fosse pelo Flamengo. O que fizeram os dirigentes do Grêmio? Férias para todos os jogadores importantes do elenco. E ponto!!! E, o que se viu? Uma garotada do Grêmio, com enorme disposição, correndo atrás da vitória, como se esta fosse um prato de comida para quem estava em jejum há um século… Bom lembrar o quanto foi duro aquele jogo, em que o Grêmio chegou a fazer 1 a 0. O Flamengo ganhou o campeonato, mas dentro de campo, a dignidade profissional da garotada do Grêmio foi um caso à parte.

Há um outro exemplo em que o Flamengo também estava envolvido. O Botafogo, pelo fato de estar disputando dois campeonatos paralelos, foi obrigado a colocar contra o Flamengo só jogadores reservas e juniores. O Flamengo, completinho. Resultado: Botafogo 1 a 0.

Não é pelo fato de um time entrar em campo, sem um único titular, que o outro possa imaginar que o jogo está ganho. Estamos falando de FUTEBOL, onde tudo pode acontecer e, por isso mesmo, é o esporte mais popular do mundo. No domingo, a maioria esmagadora da torcida tricolor só vai querer saber o resultado do jogo, e não ficará nem um pouquinho triste se souber que o time do coração perdeu. Os dirigentes tricolores, embora jamais admitindo, quase igual… só que, os jogadores é que vão decidir.

Aí, como diria Neném Prancha, “o buraco é mais embaixo”…