Muito interessante a entrevista coletiva do novo presidente do Vasco, Eurico Miranda. Começou dizendo que, à partir daquele momento, o Vasco estava mudando. Nada mais de executivos. À partir de agora, como antigamente, no futebol vai mandar o vice de futebol. Nas finanças, o vide de finanças e, assim por diante. Pode não parecer, mas a colocação feita por Eurico Miranda é muito mais profunda do que possa parecer e, diria mais, inteligentemente polêmica e absolutamente pertinente a este momento do nosso futebol.
Não é de hoje que alguns companheiros defendem a tese de que o futebol nos clubes precisa ser profissionalizado. Pergunta: Profissionalizado, de que modo? Sim, porque não basta colocar alguém, pagando um belo salário, para que se tenha a certeza de que ali há um profissional de verdade. Para começar, não acredito em profissional, ou amador, que não tenha a ”caneta“ na mão, isto é, que não tenha poder de decisão. De que adianta se nomear alguém como executivo do futebol de um clube, se na hora de se discutir se o treinador fica ou não e, se tendo decidido que não fica, quem contratar, se numa situação como esta, sequer o executivo do futebol é chamado para a mencionada reunião. Isto aconteceu com Paulo Pelaipe no Flamengo, quando da contratação de Jorginho como treinador. Ali, o executivo deveria ter pedido o boné e ter ido embora. Mesmo de cara amarrada acabou ficando, e claro que não poderia dar certo, pois sem “caneta”, nenhum executivo sobrevive. Infelizmente, a maioria dos profissionais nos nossos clubes tem poder limitadíssimo. Ao longo do tempo, vi raríssimas exceções, como por exemplo, Domingo Bosco.
Há casos também dos amadores que foram brilhantes. Para citar mais de um, e evitar possível ciumeira rubro-negra, aponto um tricolor e um vascaíno: João Boueri e Antônio do Passo. Os dois eram sérios até a alma e, por conseguinte respeitados, tinham liderança, conhecimento de causa, sensibilidade e “caneta”.
Amador ou profissional? Na minha opinião, pouco importa, desde que seja honesto, do ramo, tenha sensibilidade, saiba trabalhar em equipe, e tenha a “caneta”na mão.