(Reprodução da TV, Dr. Castor)

Momento duro de lidar e aceitar

Mesmo torcendo para estar errado, duvido muito que a maioria esmagadora de quem participa do nosso blog não tenha perdido alguém muito querido, na guerra contra este vírus diabólico.

A sucessão de notícias ruins é algo espantoso, pois mal você começa um luto, lá vem outra porrada. O que outro dia vi na televisão, quando um médico afirmou que,  quem entra em uma UTI e é intubado, as possibilidades matemáticas de sobreviver são em média de 30% e, ainda assim, há a possibilidade de sequelas importantes, infelizmente, corresponde à realidade. Depois do querido amigo Paulo Stein, chega a notícia da morte de Agnaldo Timóteo.

Esta é uma longa história de vida que começa em 1966, na cidade de Itapetinga, interior da Bahia, onde um tio que, era meio que pai, de nome Zelito, tinha uma rádio e, sabedor que já aos 17 anos tinha eu paixão pelo tema, sugeriu que fosse para lá, onde poderia começar a aprender alguma coisa.

Na Rádio Jornal de Itapetinga, comandei pela primeira vez uma mesa redonda, aquecimento para o jogo Brasil x Portugal, na Copa da Inglaterra. Ainda em Itapetinga, no cinema local fui a um show que estava sendo aguardado com enorme expectativa e, só consegui lugar em função da rádio do meu tio ter sido uma das apoiadoras.

Público de Fla-Flu esperando Agnaldo Timóteo soltar seu vozeirão. Ali, tive o primeiro contato com este ser humano especial. Quem diria que, um pouco mais na frente, estaria eu comandando uma mesa redonda e que um dos participantes seria exatamente Agnaldo Timóteo. A turma era muito boa. Francisco Horta era o tricolor. Áureo Ameno, o vascaíno. Celso Garcia, o rubro-negro e, Agnaldo Timóteo, o Botafoguense. Talvez a maioria esmagadora das pessoas não tenha a noção exata da extraordinária figura humana que foi Agnaldo. Ganhava muito, mas de tanto que ajudava as pessoas, tinha que viver correndo atrás…

A paixão pelo Botafogo também foi responsável por alguns momentos no “vermelho”. Sou testemunha das inúmeras vezes, das mais variadas formas, que Agnaldo tirou do seu para ajudar uma de suas paixões de vida, talvez a maior, que foi o Botafogo.

Morri de rir quando vi na televisão uma cena em que Agnaldo invadiu o campo para dar uma bronca em Claudio Adão, que havia perdido um pênalti. Quem viu o seriado DR.CASTOR, deve ter tido, pelo seu depoimento transparente e sincero, a noção exata  do ser humano que estava por trás daquele vozeirão.

No nosso mundo, já foram tragados por este vírus desgraçado: Jorginho, o mais doce dos massagistas que o futebol do Flamengo conheceu; Maguito Vilela, governador, senador e que não pôde ser prefeito de Goiás, vítima desta praga. Figura querida que, como rubro-negro terei gratidão eterna;  Paulo Stein, o Paulota, mais do que um amigo, um irmão; e, por último, Agnaldo Timóteo. Quando me passa pela cabeça colocar aqui que alguns venceram a guerra contra o vírus, como Paulo Pelaipe e Branco, vem a lembrança de que há mais amigos lutando pela vida. Que tristeza… que enorme sensação de impotência…

Aí vem a revolta. Grande, geral e irrestrita. Revolta pela forma inadequada, inconsequente, irresponsável e incompetente, por parte de quem deveria zelar pela saúde do povo brasileiro e nada fez.

Revolta pelo egoísmo e estupidez de muitos, que ignorando a ciência e pouco se incomodando com o sofrimento alheio, se amontoam e se negam a utilizar máscaras. Será possível que este tipo de gente ainda não entendeu o tamanho do problema?

Enfim, o que nos resta é torcer para que os dirigentes, finalmente, dirijam para o caminho certo e que parte significativa da sociedade tome vergonha na cara e, tenha um mínimo de respeito pelo seu semelhante.