(Foto: Daniel Castelo Branco)

Finalmente, qual é?

Nesta clausura de dois meses, a conclusão é que, se estamos tentando driblar o maldito vírus, o preço talvez seja o de estarmos perdendo o juízo.

De um lado, a possibilidade clara do governador do Rio de Janeiro decretar a clausura total, e do outro, uma reunião na sede da Federação com o intuito de definir o retorno da bola rolando no nosso Estado.

Será que as informações não se cruzam? Será que quem comanda o Estado não vai até a página de esportes? E será que os dirigentes do nosso futebol vivem em outro planeta?

Até entendo a agonia de quem precisa. Um mundo de gente querendo dar continuidade aos seus negócios, pois a cada dia que passa, sem faturamento, vai ficando inviável “manter a pipa no alto”.

Por tudo isso, forçar a barra é o que mais se vê. Só que, do outro lado, há a ciência, o profundo conhecimento de causa, que ignora o fato da roda ter que continuar a girar, sendo a vida humana sua única preocupação. Os que governam – e, têm juízo – apostam no barco da ciência e, inevitavelmente, baterão de frente com quem tem outro tipo de prioridade.

Só que, como dizia minha avó Corina, “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.

Resumo da ópera: como é que pode, em um mesmo momento, o governador estar a um passo de decretar a medida mais drástica, trancando a população em casa – para valer – e, paralelo a isso, haja uma reunião para se discutir o retorno do futebol?

Claro que estou louco para ver a bola rolar, para ver o Flamengo jogar, porém muito mais preocupado estou é com respeito ao ser humano, cuja vida é o bem maior.

Ontem, em papo pela internet com muitos amigos – a maioria do mundo da bola – foi unânime a conclusão de que o retorno do futebol, na situação em que nos encontramos, vai além da irresponsabilidade. É criminoso.