Estrutura e distância

Ninho do Urubu (Foto: site do Clube de Regatas do Flamengo)

Criticar a atual estrutura do Clube de Regatas do Flamengo seria algo insano, na medida em que, dirigentes amadores e profissionais, das mais variadas áreas, vivem em perfeita harmonia, onde todos se entendem e, consequentemente, tudo funciona a contento. Sem esquecer o excelente nível dos dirigentes amadores e, dos profissionais por eles contratados. Em síntese, a sede da Gávea é um ninho de dirigentes apaixonados, sérios e competentes, que “tocam o barco” no dia a dia, com rara maestria.

O problema é que há dois Flamengos. Este, que acabo de mencionar, onde – na sede da Gávea – o presidente e seus vice-presidentes, diariamente, vivenciam e solucionam o que apareça pela frente.

O outro Flamengo, o da paixão maior – o do futebol – fica muito distante dali, do outro lado da cidade, onde além da distância, o trânsito para lá chegar é infernal. Aí, diferente do primeiro Flamengo – o da Gávea – a estrutura centenária, onde o regime é presidencialista e, cada setor tem um vice-presidente responsável, atuante e, por designação dele, os profissionais são escolhidos e, a partir daí, sob a batuta deste vice-presidente, tudo caminha, no futebol deixou de ser assim e, há bastante tempo.

Lá, no futebol, a presença do vice-presidente – e até do presidente – está muitíssimo mais para o esporádico do que para o constante e, isto tem sido muito ruim. Respeito todos os profissionais, mas ninguém tem a leitura mais próxima da necessidade real do clube do que o dirigente amador. Aliás, na prática, não deveria dizer dirigente amador, e sim, dirigente não remunerado. Ivan Drummond, George Helal, Walter Oaquim, Radamés Lattari, Paulo Dantas, entre tantos, eram tão, ou mais competentes na matéria, do que qualquer profissional. E, com um entendimento do que é Flamengo infinitamente maior do que todos os profissionais juntos.

Rodrigo Caetano é um ótimo profissional, mas falta a ele autoridade institucional. Falta em Vargem Grande, no dia a dia, alguém com cara, corpo e alma de Flamengo.

Como tudo muda nesta vida, pode ser que um dia este modelo atual dê certo, mas, sinceramente, duvido muito.

A minha sugestão para o nosso bravo presidente é que procure, na região oeste do Rio de Janeiro, um rubro-negro de verdade, que tenha intimidade com o futebol e que se disponha a estar dia sim, dia também, no Ninho do Urubu que, formidável é, porém muito distante da Gávea.

Acho que este será o primeiro passo para tudo ir se ajeitando. Desde já, me desculpo com quem pensa diferente. Tomara que o nosso presidente leia isto e, reflita.