(Celso Pupo / FotoArena)

Mais cuidado com o presidente

Do nada – curiosamente – em meio a um processo eleitoral para a prefeitura do Rio, “bombas” começam a pipocar. Primeiro, tentando atingir o candidato Eduardo Paes, em situação ocorrida há mais de oito anos. Na sequência, uma misteriosa troca de e-mails que só agora foi descoberta, tenta incriminar o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, também candidato à prefeitura carioca.

Há no ar um cheiro não muito agradável de ações políticas rasteiras que, por incrível que pareça, ainda fazem parte da nossa cultura e, pior ainda, saber que há gente que ainda caia nesta esparrela arquitetada pelas pessoas com desvio de caráter.

Esta me parece uma boa oportunidade para fazer do limão uma limonada. Usar uma possível má ação para tentar desmistificar a injusta e absurda responsabilidade que se coloca em cima dos presidentes dos clubes.

Este caso, em que tentam imputar a Eduardo Bandeira de Mello a responsabilidade da tragédia no Ninho, é o melhor exemplo. Como é que o presidente do clube mais popular do país, com mil e quinhentos temas para resolver a cada dia, vai tomar conhecimento de que há um alerta sobre um fio desencapado no Centro de Treinamento?

Isto é assunto para quem de direito, ou seja, para as pessoas responsáveis pelo setor. Por isso, além do presidente, um clube tem vice-presidentes, diretores e gerentes, cada um “presidente” da sua respectiva pasta.

Aliás, em sua rápida, porém competente defesa, Eduardo Bandeira de Mello diz exatamente isto, afirmando que este tipo de assunto sequer chega ao conhecimento do presidente do clube.

A verdade é que, culturalmente, aqui no Brasil virou rotina imputar responsabilidade ao presidente do clube, seja lá para o que for. E, isto precisa ter fim.

Neste caso específico, na escala normal, presidente, vice-presidente da área, gerente e funcionários, de cara, o único a quem não se deve imputar culpa é exatamente o presidente, pois determinados problemas não dependem e não chegam ao conhecimento dele.

Que este triste episódio seja um alerta para que cada um assuma sua real responsabilidade. Que seja apurado com justiça e critério quem foi o responsável – ou responsáveis – pela irresponsabilidade que tanta dor causou.

E que os irresponsáveis, inconsequentes e incompetentes comecem a entender que a figura protetora do presidente não pode mais ser usada. A casa está caindo…