O “X” do problema

(Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Não sei se fiz certo ou errado, mas não resisti e liguei para o nosso presidente.

Como sempre, educado, Eduardo ouviu o desabafo de um torcedor que é tão rubro-negro como qualquer rubro-negro de verdade, e as ponderações de quem quer o bem dele, somando-se à experiência de já ter sentado na mesma cadeira que ocupa ele hoje, além da cadeira específica do futebol.

O desabafo foi no sentido do inconformismo de ver tanta gente séria e competente junta e, exatamente no que é mais importante para o torcedor, que é o futebol, muito mais decepções do que alegria.

A ponderação foi simples e objetiva, até porque, não é produtivo se criticar sem ao menos sinalizar qual seja o caminho que todos queremos.

A minha conclusão é simples. O resultado no futebol é fruto de um encaixe perfeito entre as pessoas que dividem o “vestiário”. Está mais do que na cara, que no futebol do Flamengo, do presidente ao diretor de futebol, ninguém mantém com o treinador uma linha direta. Talvez por achar que, dentro do regime profissional, isto seria uma interferência. Não quero aqui julgar. Há situações em que este tipo de raciocínio funciona e, há outras que não.

O treinador atual, necessita sim, de interferência – se assim quiserem chamar – não só pelo desconhecimento amplo do futebol brasileiro, onde o próprio Flamengo está incluído, como e, principalmente, pelas desastradas escalações, como a do jogo contra o Botafogo e a de ontem. Disse ao presidente que duvidava que alguém da diretoria, antes de qualquer jogo, fizesse ao treinador a pergunta óbvia: “qual é o nosso time pra hoje?”. Se alguém tivesse feito esta indagação, e sabedor do time escalado ontem, era obrigação argumentar que havia algo errado, possibilitando ao treinador pensar e, quem sabe, consertar o erro.

Como ninguém muda de temperamento, claro está que as pessoas que lá estão encaram este tipo de atitude como pouco profissional. Mas o que é profissional? É deixar alguém caminhar sabendo que na frente há um precipício?

Não estou aqui, como já disse, para julgar e, desta forma, até admito que quem pense de maneira diferente possa ter razão. Só que, quem pensa assim precisa ter como treinador alguém em quem se possa confiar e com profundo conhecimento de causa.

A filosofia da nossa diretoria é incompatível com este treinador. Como não haverá mudança na diretoria, que se mude o treinador. Se isto não ocorrer, vamos continuar sofrendo.

No fim do monólogo, informei ao nosso presidente que Cuca acabara de deixar o Palmeiras. Com este treinador, a filosofia abraçada pelos nossos dirigentes funcionaria, sem erro.

Casamento, perfeito!