Acredito que não haja uma pessoa razoavelmente esclarecida no Brasil, que não tenha tomado conhecimento da tragédia anunciada, ocorrida anteontem na Lagoa Rodrigo de Freitas, aqui no Rio de Janeiro.
Está circulando na internet o depoimento comovido de autor desconhecido.
Jaime era médico e trabalhava em hospital universitário. Atendia a população pobre, num hospital em ruínas porque acreditava na educação médica de qualidade como instrumento importante para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Morreu porque desafiou a realidade atual, de total abandono, onde o criminoso é tratado como vítima dos 500 anos de colonização errada… Balela.
Não, Jaime não terá cruzes na praia de Copacabana,.
Não, nenhum favelado vai tacar fogo em ônibus nem fechar com barricadas a curva do Calombo, onde Jaime foi covardemente atacado.
Não, Dilma não ficou estarrecida e sequer vai ligar para a família de Jaime para uma palavra de conforto.
Jaime, cidadão brasileiro, pagava seus impostos em dia.
Jaime sou eu, é você. Jaime somos todos que antes desconfiávamos, mas agora temos certeza, que esse país deu totalmente ERRADO.
País de Merda.
Gostaria de debater o tema, a começar pelo final do depoimento do autor desconhecido que, ante tanta decepção, classifica o Brasil como “País de Merda”. Há no ar um outro tipo de comoção, com a revolta popular ante a roubalheira monumental e descarada na Petrobrás. Em ambos os casos, se há alguma coisa para se “qualificar” como merda, não é o país, e sim, o povo. Até porque, as ações criminosas nos dois casos foram desenvolvidas por seres humanos, todos nascidos aqui e, pior do que isso, está exatamente no comportamento do nosso povo diante das duas situações. Vejo na passividade do povo brasileiro o seu grande problema. No caso da Petrobrás, com a roubalheira noticiada aos quatro ventos mundo afora, a presidente da empresa, responsável maior por tudo que lá acontecia, só foi ser demitida meses depois. Onde é que no mundo ocorre um tipo de escândalo deste tipo e, o principal mandatário fica meses ainda no cargo, como se nada tivesse acontecendo? Alguém reagiu? Alguém protestou?
Agora, no bárbaro assassinato deste médico, adorado por todos os amigos, como a sociedade reagiu? Indignação? Ora, indignação é nada para quem pretende que a mentalidade neste país seja modificada. O nosso governador Pezão, por quem tenho admiração e respeito, vai para a televisão e diz que o judiciário tem sua parcela de culpa, pois a polícia prende e o judiciário solta. O representante do judiciário responde, afirmando que num ponto estratégico para a imagem da cidade, a segurança é pífia, daí a tragédia ocorrida. Quem tem razão? Os dois! Aliás, quem não tem razão? Os dois!!! A verdade é que, realmente a polícia prende e o judiciário solta, da mesma forma que ninguém se sente seguro nesta cidade.
Pode ser que esteja eu enganado, mas enquanto a sociedade não tiver uma postura mais firme, mais corajosa, ousada até, nada vai mudar. Esperar todas as soluções por parte do poder público, convenhamos, é acreditar em Papai Noel e na gata Borralheira… Vivemos numa situação em que as pessoas de bem não andam armadas. Só os bandidos… Desigual, não? Injusto, não?
Como ando quase que diariamente de bicicleta na Lagoa e, não pretendo, por covardia, abrir mão deste saudável direito, vou procurar o Dr. Michel Assef, criminalista de primeira linha e extraordinário rubro-negro, para saber dele que providências podemos tomar para que, o mais breve possível, dentro da legalidade, possa eu dar as minhas duas voltas diárias de bicicleta na Lagoa, portando no coldre, uma eficaz pistola, um 38 ou uma 45… Talvez esteja aí a explicação para o fato do povo americano, em hipótese alguma, abrir mão do direito de portar uma arma, baseado no sagrado direito de defesa.
O Brasil é um país de merda ou, o Brasil é um país de frouxos?
Infelizmente nosso povo não poderia andar armado, pois não estamos acostados com essa cultura como os americanos estão, e que em sua maioria sabem o momento “certo” de usar a arma. Aqui no Brasil seria o caos total. Sou contra o estatuto do desarmamento, mas a liberação de porte de arma para civis, desde que passado por muitos exames rigorosos de caráter psicológico, psicossocial, histórico, cultural, e até mesmo acadêmico,entre outros sou a favor. Deveria ser avaliado caso a caso. É uma discussão complicada e polêmica.
Tiro na mosca, meu caro Kleber Leite. Começo pelo seu final, isso aqui é um país de frouxos. Os EUA, só para citar um exemplo, para serem a democracia que são hoje, derramaram muito sangue, deles mesmos. Não estou dizendo que devemos fazer o mesmo, longe disso. Mas, veja só, quando aumentaram as tarifas de ônibus e o povo foi as ruas e reclamaram veementemente, o poder público recuou. Enquanto ficarmos lamentando dentro das paredes de nossas casas ou nos botecos de esquina, nada vai mudar. Reclamar é um direito. Exigir decência e moralidade pública é um dever. Onde estão os bandidos do mensalão? Nas suas respectivas casas com os bolsos cheios. E tantos outros que nem merecem ser lembrados. Enquanto nada acontece, outros milhares continuarão a morrer pela absoluta inoperância do poder público nesse país. O que me deixa ainda mais desanimado é que não temos nenhuma referência de decência e dignidade na política brasileira que nos fizesse enxergar uma luz. Aécio, Lula, FHC, Collor e tantos outros são raposas que construíram muito bem seus covis. Ainda levaremos alguns séculos para mudar o conteúdo. Infelizmente não será na nossa geração, prezado Kleber. Que nossos netos ou bisnetos consigam encontrar um mundo melhor, um Brasil melhor.
Aí sim Klebão!!!
Kleber nosso pais, antes dessa grave crise politica e econômica vive já a alguns anos uma crise MORAL. Corrupção sempre houve , mas nosso povo tinha vergonha de ser malandro, a grande maioria era guiada por valores nobres. Hoje não se tem exemplo ,ser o “espertalhão” compensa, o próprio crime compensa, e para piorar não existe comando, e o pior ainda está por vir.
Nobre,
Acompanho sua reflexão, pois o comodismo acentuado do povo, a sua inércia diante de tanta barbaridade é a única responsável, e resulta, no que você falou na falta de coragem do povo para reagir. Um exemplo fácil no dia a dia está nas faculdades, que não ensinam a pensar, apenas o necessário que preciso saber, dessa forma não preciso eu mesmo esforçar-me, não sou obrigada a refletir, se é suficiente pagar, outros se encarregarão por mim da aborrecida tarefa.
Infelizmente nossa sociedade foi criada assim, principalmente as classes sociais menos abastadas, são estes entraves que se perpetuam, é difícil para este povo se libertar dessa escravidão imposta durante séculos.
Nosso governo atual, não passa de uma teia de ligações corruptas que não visa à ética, visa ao dinheiro público, não para beneficiar o povo, mas para beneficiar toda uma quadrilha de crimes. E o que fazer para que essa onda de crimes não continue?
O povo precisa sair dessa espécie de segunda natureza, dominado, envolvido por articulações mentirosas que o tornam prisioneiro de inverdades e incapaz de lutar por seus direitos, pelo governo dos sonhos.
A máxima propagada aos quatro vento:“a mudança tem que começar por você”, simplesmente não existe. Veja as manifestações, parecem mais manobras políticas para retirar o atual governo, do que um “basta, queremos mudanças efetivas”.
Não me refiro deixar de desrespeitar as leis, mas exigir que elas sejam efetivamente cumpridas.
Nos dias atuais, com a crise política e econômica, surgiram muitas imposições inoportunas e injustas que acatamos sem discutir.
O governo dos nossos sonhos é possível, desde que haja a nossa participação ativa, que o cidadão seja um cidadão atuante.
Nos dias atuais, o que vejo é o reflexo da celebre frase de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”
Kleber,
Voce foi perfeito em sua analise, texto brilhante.
Nós somos um povo omisso, só vamos as ruas protestar caso seja por modismo ou feriado, perdemos os brios deixamos de lutar.
Assistimos passivamente esta roubalheira sem limites e depois reelegemos os mesmos politicos.
Somos frouxos por isso estamos num PaÍs de MERDA
Caríssimo irmão Kleber Leite, Sem embargo do texto brilhante, não concordo absolutamente com os que desqualificam o nosso país, classificando-o como “país de merda”.Temos as nossas mazelas sim,mas nos recusamos a enfrentá-las fazendo uma análise mais profunda. Nós cariocas somos produto principalmente do cruzamento de desterrados portugueses e escravos que vieram parar aqui porque foram literalmente caçados em seus países de origem, transportados em navios negreiros e só libertos entre aspas há pouco mais de um século. Os que para aqui vieram, só tinham um propósito: saquear o país, e o fizeram com muita eficiência. O que me causa espanto é a reação da grande mídia com o bárbaro assassinato do querido médico Jaime Gold. Sob todos os aspectos um crime bárbaro, inqualificável . Mas não vi reação semelhante para a morte de dois meninos, provavelmente provocada pela polícia, no Morro do Dendê, na Ilha do Governador; de diversos menores vítimas de bala perdida no Alemão, etc e etc. Vamos reagir, sim, procurando criar escolas e menos presídios, porque prisão no Brasil é escola de delinquentes; vamos votar melhor, tirar essa gente que está aí no poder só para continuar o trabalho de saquear o país; vamos reclamar contra a precária condição de vida das nossas crianças e adolescente que vivem nas favelas, certamente não por opção própria, pois todos gostaríamos de viver na beira da praia. Ia me esquecendo de falar sobre andar armado. Isso é para profissional, não é para amador. O bandido conta sempre com o fator surpresa em seu favor. Abraço carinhoso. Seu irmão de coração Michel Asseff
Onde eu assino? Sensacional!!!