REUTERS / Alberto Lingria

O sumiço do talento

Sem a mínima intenção de vestir a camisa do saudosismo, proponho este tema após assistir à final da Liga das Nações ou, das seleções europeias – assim fica mais próximo da realidade – entre Espanha e França.
Pego este jogo como exemplo, pelo fato de ter sido um confronto entre recentes campeãs do mundo e, em consequência, na “primeira fila” do futebol mundial.
Tirando um ou outro jogador – estamos falando de duas seleções – uma pobreza técnica assustadora. Pode ser que os mais jovens tenham dificuldade em assimilar a minha tristeza pelo que já vi e pelo que vejo hoje em dia.

Nós rubro-negros talvez sejamos exceção nacional. Temos um baita goleiro, um zagueiro espetacular, um lateral esquerdo que joga de smoking, um volante acima da média, dois atacantes espetaculares e dois jogadores que fazem lembrar alguns gênios da bola. Realmente, pegando o nosso time não dá para se ter tanta saudade do passado, mas se dermos uma rápida olhadinha no que nos rodeia, aí ficará clara a decadência técnica do futebol.

A diferença é que mesmo nos nossos melhores momentos no passado, tínhamos uma cacetada de adversários que eram tão bons quanto ou, quase chegavam lá…
Hoje, falando sério e paixão à parte, quem chega perto?
O pior para eles – e o melhor para nós – é que a diferença na qualidade individual diz respeito não só aos times principais. Nosso elenco, diante da maioria esmagadora dos adversários, é um oásis…

Não sei se ao valorizar a parte tática, tirando a criatividade ou bitolando quem é diferenciado, o futebol vem perdendo a graça, o molejo, a genialidade e, por vezes, chega a ser chato, ante tão pouca inspiração, apesar da transpiração.

Pior ainda é ver uma Seleção Brasileira que no cata-cata ainda pode ter jogadores diferenciados, optar por soluções de força, como se isto ganhasse jogo ou levasse a algum título. A formação de meio-campo que começou o último jogo é de chorar. Como abrir mão de jogadores criativos, que fazem a diferença, para privilegiar o plano “tático” com os “carregadores de piano”?
Começo a concluir que a nossa Seleção precisa de um choque e, com urgência. Alguém revolucionário capaz de pôr fogo, incendiar o circo verde e amarelo. Algo parecido com o que o doce Portuga fez ao mudar as nossas vidas.
Será que não é hora?

Rapidinhas:

  • Contratar Soteldo, se for verdade, já tendo no elenco Bruno Henrique e Michael, é jogar dinheiro fora.
  • Apenas um palpite: antes de cruzar conosco, o Atlético Mineiro vai jogar fora de casa com outro rubro-negro, o Atlético Goianiense. Se fosse de apostar – não sou! – cravaria a zebra…
  • Leio com frequência críticas ao nosso preparo físico em função de alguns problemas musculares. Acho que estamos esquecendo de olhar para o lado. Este problema é de todos – Hulk foi a vítima mais recente – e a explicação óbvia é este calendário perverso.