Antônio Carlos de Almeida Braga

Dor dupla

Peço desculpas a todos os companheiros e amigos do blog, mas como formamos uma família, o ombro de vocês é fundamental neste momento de dor e saudade.

Duas vidas que vão embora que me marcaram muito. Uma de forma pessoal e a outra, institucional, pois o Flamengo foi o nosso elo.

Antônio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha, foi decisivo na minha consolidação profissional. Acreditou, apostou em mim.

A Klefer, hoje, marketing esportivo, nasceu em 1983, porém, com outro objetivo, o da comunicação esportiva, como produtora e detentora dos direitos das dez principais personalidades do futebol brasileiro para programas diários de rádio em todo território nacional.

Com tudo consolidado, produtora impecável, com estúdio de primeiro mundo e os dez profissionais contratados, era chegada a hora da verdade. Tudo dependeria do mercado entender e aceitar o nosso projeto.

Liguei para Braguinha, à época presidente do Bradesco, solicitando uma reunião com a finalidade de apresentar um projeto inovador. Do outro lado da linha, ele me perguntou se eu acordava cedo. Respondi que… cedíssimo!!! Ao que ele emendou, me convidando para o café da manhã, às seis…

Às cinco e meia já estava lá, com o coração saindo pela boca. Braguinha foi carinhoso como ouvinte e corajoso como empresário, aprovando a proposta de patrocínio e, em última análise, batizando a Klefer que ali nascia.

A última vez que estivemos juntos foi em um réveillon na casa de Luciano Huck e Angélica, na terra do nosso Carlos Egon. Noite memorável, inesquecível, quando o ouvinte fui eu, saboreando e morrendo de rir com as maravilhosas histórias do homem mais apaixonado pelo esporte que conheci. Figura humana, simplesmente, adorável.

Há um quinteto na vida que acreditou em mim. Paulo Max, Doalcey Camargo, Jorge Curi, Waldir Amaral e Braguinha. Sem eles, todos no céu, minha vida teria sido outra. A eles, gratidão eterna.


 

Maguito Vilela, eleito prefeito de Goiânia, vítima do Covid, nos deixou. Como ex-presidente do Flamengo, como rubro-negro, também, gratidão eterna.

Quando da contratação de Romário, Maguito Vilela, então Governador de Goiás, foi decisivo para que o Flamengo, em um único jogo, em 1995, faturasse a quantia líquida equivalente a um milhão e meio de dólares, pois abraçou o projeto de forma ampla, movimentando a iniciativa privada local, possibilitando custo zero para todas as despesas relativas ao evento.

Ficamos amigos. Maguito, como eu, era peladeiro. Foram muitos os sábados em Goiânia, em peladas memoráveis.

Um belo dia recebi telefonema de Maguito, que precisava de nossa aprovação para transferir o jogo entre Goiás e Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro, de Goiânia, para Jataí, cidade natal de Maguito. Indaguei sobre condições do estádio, locomoção e estadia. Maguito me tranquilizou, afirmando  ser o estádio excelente e com ótimo gramado, e que seria de responsabilidade dele toda logística. Como recusar?

Lá fomos nós para Jataí, onde tive, como rubro-negro, uma das mais gratificantes passagens. Pela agenda repleta de compromissos no dia do jogo, cheguei ao estádio, junto com Maguito, faltando quinze minutos para a bola rolar. Quando entramos no túnel, um choque de alegria e orgulho. Três quartos do belo estádio, hiper lotado, eram todos rubro-negros. Incrível!!!

Nunca mais vou esquecer a reação de Maguito, atônito, afirmando: “Nosso Flamengo é foda!!!”

O Flamengo ganhou o jogo e eu, um amigo para sempre.

Que o doce Braguinha e meu querido amigo Maguito descansem em paz.

Saudade…