Lucas Figueiredo/CBF

Racismo

Este talvez seja o mais profundo e delicado tema em que o futebol seja parte.
Li a coluna no Globo do excelente repórter Martín Fernandez e, se tinha alguma dúvida em provocar aqui no blog discussão para assunto construído pelo ódio insano, desisti.

Em sua coluna, Martín critica as punições brandas por parte de FIFA e CONMEBOL e, cutuca o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, para que dê seguimento, que coloque em prática, punições severas, como a perda de pontos para um clube cujo torcedor cometeu atitude racista.
Estou aqui antecipando algo que está na minha cabeça e que iria sugerir ao presidente da CBF na primeira oportunidade em que estivéssemos juntos.

Embora algumas pessoas não percebam, estamos diante do seguinte dilema: qual é o nosso objetivo? Punir quem tem atitude racista ou, de alguma forma, fazer com que os racistas entendam que alma não tem cor, que a cor da pele é indiferente e, que muitos, mundo afora já sofreram o diabo, em função deste odioso preconceito?
O que queremos? Educar, convencer, erradicar esta praga ou punir?

No nosso caso, ou seja, no mundo do futebol, punindo o racismo de um torcedor por meio de uma canetada, um clube sofrerá as consequências, perdendo ponto (ou pontos) em competição oficial. Alguém acha que este seja o caminho para o torcedor deixar de ser racista? Ao contrário! Alimentará sua insensibilidade e ignorância. E o que fazer, então?

Acho que o caminho seja outro. Por exemplo: o que adianta os times entrarem em campo com uma faixa com a mensagem “Diga não ao racismo!”? Quem é racista não estará nem aí. Entra por um olho e sai pelo outro.
Agora, se os times entram em campo exibindo uma faixa com a seguinte mensagem:
“FOR LIFE – NETFLIX – IMPERDÍVEL!”
Quem já viu esta série vai me entender. Quem não viu, pode ter a certeza de que, por meio da arte é perfeitamente possível conceitos absurdos serem derrubados.
Este é o fio da meada. O convencimento pela razão e não pela imposição, pela força.

Tenho mais uma dezena de ideias envolvendo clubes e quem transite no mundo da bola. Paro agora, pois isto deixaria de ser um post e passaria a ser ensaio de livro.
Quando estiver com o presidente da CBF, prometo fazer a minha parte. O futebol pode ajudar e, muito! Pelo caminho certo.


 
Dona Elza, aqui ao meu lado, ouviu, aprovou o texto e acrescentou: “não poderia haver dia melhor. 13 de maio!!! Dia da Abolição da Escravatura!“.
Aí me toquei. Que feliz coincidência!!!
Que um dia não precisemos comemorar esta data. Que seja ele, com todas as almas em sintonia, um dia feliz, como outro qualquer.
Obrigado, Dona Elza.