Muito difícil para quem está de fora analisar o que aconteceu ontem com o time do Flamengo. De qualquer forma, vamos lá.
O primeiro equívoco foi a falta de percepção com respeito ao momento do time, somado a uma oportunidade única que surgia, onde em tese, não haveria grandes problemas em se chegar até a fase semifinal da Copa do Brasil, já que nas oitavas o adversário é o Coritiba, batido pelo Flamengo recentemente no Campeonato Brasileiro (em Curitiba) e nas quartas de final o adversário provavelmente será o América de Natal. Com todo respeito…
O resumo da ópera é que, daí para frente, semifinal e final, em quatro jogos para valer, sendo dois em casa e contando com sua fantástica torcida, o Flamengo poderia salvar o ano ganhando um título nacional e garantindo vaga para a Libertadores. O conceito inicial de Vanderlei em priorizar o Campeonato Brasileiro era perfeito quando o Flamengo era figurinha carimbada entre os quatro últimos colocados, porém depois de quatro vitórias consecutivas o panorama mudou, e aí também deveria ter mudado a filosofia inicial de concentrar todas as energias para não cair para a segunda divisão. Quem gosta de jogar em cassino, o que não é meu caso, diz que há dois fatores decisivos para qualquer jogador: jamais remar contra a maré e, principalmente, aproveitar o “churrilho”. No primeiro caso, remar contra a maré é respeitar o dia ruim. Melhor parar do que perder muito. No segundo, aproveitar o churrilho é tirar o máximo proveito quando a sorte está soprando à favor. A indicação para o time neste jogo de ontem era ter a força máxima, aproveitando o bom momento e abrindo caminho para começar a salvar o ano, tentando a conquista da Copa do Brasil. Infelizmente não se pensou desta forma. O time entrou a meia bomba na escalação, sem a pegada dos últimos jogos e o resultado todos sabem. Erro de avaliação.
Às vezes a figura do treinador é tão solitária que este tipo de erro fica mais fácil. Não sei se Vanderlei troca alguma ideia com alguém no Flamengo sobre as coisas mais importantes. Talvez tenha faltado isso. Houve certa vez o caso de um treinador que na véspera de um jogo importantíssimo num meio de semana, resolveu entrar com um time quase reserva para preservar os titulares para outro jogo importante no final de semana. Se não houvesse muita conversa, a ideia dele, solitária e ruim, teria prevalecido e talvez o resultado não tivesse sido tão bom, pois vencemos os dois jogos, claro que com o time principal em ambos.
O segundo equivoco diz respeito ao zagueiro Samir. Já aconteceu com Ney Franco e agora também com Vanderlei. Os dois treinadores entenderam como boa alternativa tirar Samir da sua posição de origem que é a zaga, fazendo um falso lateral esquerdo. Não deu certo com Ney, não deu certo com Vanderlei e não dará certo com ninguém. Hoje, eu seria capaz de apostar que de todo o elenco do Flamengo o único jogador com potencial para um dia vestir a amarelinha é Samir. Diria mais. Acho Samir o melhor jogador do Flamengo. Por favor, como diria nosso genial Ancelmo Gois, Samir na lateral, é o cacete…
Imagens: Hugo Harada (Gazeta do Povo)