FLA – FLU

O amigo Carlos Egon Prates deu o pontapé inicial no tema Fla-Flu. O primeiro Fla-Flu dele foi o de 1963 (vídeo acima), com um Maracanã pra lá de lotado e com Marcial, nosso goleiro, sendo o herói do jogo, ao defender no finalzinho um torpedo do ponteiro tricolor Escurinho. Neste domingo, lembro como se fosse hoje, como morava em Laranjeiras, fui a pé para a Igreja de São Judas Tadeu e lá, tive uma longa conversa com o nosso Santo protetor que, ninguém duvide, também estava no Maracanã. Assisti a este Fla-Flu no famoso setor 4, onde ficavam os sócios dos clubes. O lugar era especial, pois quando as delegações chegavam era para ali que os jogadores iam assistir à partida preliminar. Neste mesmo setor 4, pela primeira vez na vida, pude falar com Pelé, que sentou rigorosamente ao meu lado num jogo Santos e Vasco. Acho que dei sorte para o rei, pois o Vasco vencia o jogo até os 40 do segundo tempo. Daí até o apito final, Pelé fez dois gols.

Babá

Da esquerda para a direita: em pé, Gerson, Henrique e Dida; agachados: Joel e Babá

Voltando ao Fla-Flu, na minha infância, o mais marcante foi o que vi pela televisão em 1956, que engatinhava nas transmissões esportivas. Vi este jogo na casa de um vizinho e a imagem de Babá encobrindo o goleiro do Fluminense, que era Castilho, aos 41 do segundo tempo, nunca mais saiu da minha mente. Este “replay” vive em mim. Nunca vibrei tanto e quase quebrei a televisão do vizinho.

Outro Fla-Flu marcante, foi pelo gol emocionante de Leandro no finalzinho, corrigindo o que seria uma enorme injustiça, pois apesar de ter dominado todo o jogo e perdido uma dezena de gols, o placar era adverso. Com a “leiteria” aberta, o Flu vencia por 1 x 0. O gol, além de importante, foi de placa. Uma pancada, de voleio, pegando no ar e a bola entrando na última gaveta, tendo antes triscado no travessão. Gol de matar qualquer um do coração (veja o gol aqui e o jogo completo neste link).

Outros também são inesquecíveis, apesar de frustrantes, em especial três… O primeiro, o Fla-Flu em que Dominguez, nosso goleiro, foi expulso por Armando Marques, numa das mais estranhas histórias do futebol carioca. A segunda, quando Jorge Curi transmitindo o jogo e anunciando o Flamengo campeão, Delei pega uma bola no meio de campo, entregue num lance de infantilidade por um jogador do Flamengo, estica para Assis e, o resto já sabemos… E por último, o tal gol de barriga de Renato. Este jogo deveria ter sido apenas um amistoso, não tivéssemos sido garfados escandalosamente em várias oportunidades naquele campeonato, em especial no jogo contra o Bangu. Gozado que as pessoas que analisam futebol muitas vezes não veem o óbvio numa jogada e imputam o insucesso à falta de sorte, quando deveriam imputar à incompetência. Foi o caso deste lance, em que um jogador do Flamengo deu às costas para Ailton duas vezes antes de sair o cruzamento que redundou no gol de Renato. Nem em pelada se vira de costas ante uma ameaça de chute. Enfim, como diria aquele filósofo popular, “faz parte…”.

E como diria Edmo Zarif, o grande saudoso Zarifão, rubro negro até a última gota, “Lobo não come lobo. Fla-Flu é na Rádio Globo!!!”. Esta foi uma das mais bem boladas chamadas do Rádio. E por falar em rádio, tricolores como Afonso Soares e Nelson Rodrigues, e rubro-negros como Jorge Curi e Celso Garcia, vão estar com certeza em algum lugarzinho no Maraca. Eles não perderiam um Fla-Flu por nada no céu…