Mark Metcalfe / Getty Images

O jogo e a vida

Theo é um querido amigo gaúcho, alucinadamente gremista. Um ser humano sensível, capaz de se emocionar em momentos únicos do esporte, como a incrível marca de Rafael Nadal, que, aos trinta e cinco anos, conquistou seu vigésimo primeiro título de Grand Slam, novo recorde entre os gênios do tênis.

Meu amigo Theo ficou encantado com texto que leu, de autoria do tenista brasileiro Fernando Meligeni que, realmente, é algo mágico, verdadeira cartilha para qualquer esportista. Nadal conquistou. Fininho, (Meligeni) conta o segredo da vitória.

Divido este momento mágico com vocês…


 
Bom dia amigo Kleber !
Check in para uma ótima semana:
Coluna espetacular escrita pelo grande Fernando Meligeni….
————

A arte de se perdoar by Nadal

Fiquei pensando como eu abordaria o jogo de hoje. Ele foi espetacular em todos os sentidos.

Pela emoção, pela competitividade, pelo lado mental, físico ou tático foi maravilhoso.

Quando conheci o Nadal com 15 anos dentro de um vestiário e fui surpreendido ao me dizer o que ele achou de um jogo meu como se tivesse 30 anos, não imaginava que vinte anos depois ele continuaria me ensinando e surpreendendo.

Hoje ele me fez perceber a forma linda e perfeita que ele lida com o jogo. A forma que ele se perdoa dentro da quadra.

Tênis é um duro esporte onde erramos quase todos os pontos. Em
mais de um momento escolhemos errado, fazemos besteira e nossas escolhas nos fazem perder. Tão parecido com o que vivemos no dia a dia.

Vamos ao jogo

Ele entra em quadra nervoso e com a tática que não dá certo. Percebe que precisa mudar. Ele reclama? Se culpa? Não. Se perdoa, pensa e executa. Sua luta, sua atitude o coloca no jogo. Saca para o segundo set e falha. Joga errado e mal. Ele abaixa a cabeça? Não. Se perdoa pelo erro que “poderia” ter acabado com o jogo.

Entra no terceiro diferente e muda o jogo. Vence o terceiro sendo mais agressivo e o quarto também. Cometeu erros? Sim. Menores. Mas cometeu. Não baixou sua intensidade.

No quinto tinha a chance de ganhar seu 21 Grand Slam. Joga muito e vai sacar para o jogo. Erra, sente a pressão. Qualquer jogador reclamaria, brigaria, abaixaria a cabeça. Se culparia. Não. Rafael Nadal entende que é do jogo errar. É da vida. Ao invés de chorar, buscar culpado. Olha para fora, se perdoa e continua pensando em como, onde, de que forma.

Nadal vence. Nem sempre o faz. Muitas vezes perdeu, errou, sentiu. Sempre se perdoou. Sabe por que?

Simplesmente porque erramos. Não somos perfeitos. E se ficamos no erro já era. Aceitar que erramos querendo resolver o que aconteceu é a chave de um grande esportista que hoje e sempre nos mostra que sempre existe o próximo ponto.

Gracias Rafa.