Quem lê – pena que quinzenalmente, deveria ser diária – a coluna do meu querido amigo Paulo César Cajú, no Globo e, acha que ele pega pesado, vai tomar conhecimento de um desabafo, de um representante do povo, inconformado, como nosso Paulo César, com o destino que estão dando ao futebol brasileiro.
Recebi este vídeo de um dos maiores jogadores – em todos os tempos – do futebol mundial e, uma amizade que muito me honra. Como não pedi autorização para divulgar no blog, fico por aqui.
O importante é que se encaminha ele, hiper craque, gênio da bola, o referido vídeo, é pelo fato de concordar com tudo que, da forma mais direta possível, este representante popular diz.
Após ver e ouvir, mantive contato com o meu querido amigo que, como eu, não está no Brasil, concordando com tudo. Infelizmente os “professores de educação física” ou, como está na moda, “os estagiários”, assumiram o comando do futebol brasileiro em vários clubes, e até mesmo na CBF.
Outro dia, fui participar de um programa na Rádio Globo, onde Dé, “o Aranha”, estava lançando o seu livro. Lá encontrei Joel Santana e Jair Pereira e, fiquei muito bem impressionado com a lucidez dos dois quando analisaram o nosso futebol, além de contarem inúmeras experiências pra lá de espetaculares.
Ali mesmo, naquele estúdio que não conhecia, fiquei pensando como eles poderiam ainda contribuir para o futebol. Estão inteiros, lúcidos e, com certeza, doidos para trabalhar no que mais amam.
Realmente, é meio absurdo constatar que Joel Santana, Jair Pereira, Leão, Andrade, e tantos outros profissionais que ainda tem tanto a contribuir para o futebol, estejam desempregados, enquanto que “curiosos estagiários” comandam parte significativa de nossos times, inclusive, nossas seleções de base.
Tomara que, ante esta campanha ridícula no Sul-americano sub 20, os nossos dirigentes acordem e entreguem nossa garotada para quem saiba ensinar futebol.
Presidente Kleber ; Nomes como Joel Santana, Jair Pereira, Leao, Wanderley Luxemburgo, que tem muito a contribuir para o atual pobre em qualidade do futebol brasileiro, estão hoje fora do mercado, por culpa em grande parte da imprensa que cria verdadeiras falácias e com isso formam na cabeça de torcedores e principalmente dirigentes, que hoje o futebol precisa de novos treinadores, com grandes teorias e formações em diversos cursos, porém sem nenhuma experiência de campo. Treinadores que jamais jogaram futebol, jamais viveram o dia de um jogo profissional dentro do campo, ou um dia a dia de um jogador e um bastidor de vestiario.
Que conhecem o futebol tecnologico, com mesas táticas digitais e modernos programas de treinamentos em software, mas na hora que o jogo exige experiência de dentro do campo, não tem qualquer referência, porque nunca estiveram la dentro.
Todos os quatros nomes que citei acima foram jogadores profissionais, viveram experiências dentro de campo e começaram como treinadores em clubes de menor expressão.
Como citados, vemos os constantes vexames da seleções de base que provavelmente pela segunda vez seguida, não conseguira sequer a classificação para o mundial da categoria sub 20, na qual o Brasil é o maior ganhador de titulos.
Torço muito para que nomes como Felipao, Abel Braga, dorival, Levir culpi, consigam grandes resultados, para acabar de vez com esse discurso imposto pela imprensa brasileira, principalmente pelos canais ESPN e Fox Sports (as vezes chega doer os ouvidos tanta bobagem que eles falam e que tentam parecer verdade aos torcedores e dirigentes.
Entre eles incluo ultimamente o nome do Mauro Cezar Pereira, hoje o icone dos comentarias de TV paga, que vem se perdendo na ânsia de criticar a tudo que é feito no futebol brasileiro e principalmente no Flamengo. Muito cuidado com a imprensa e o discurso que veem de um modo geral embutindo na cabeça do torcedor e principalmente aos novos dirigentes do futebol brasileiro.
Kleber, achei excelente a ideia! Joel Santana na seleção sub 20 do Brasil estaria liderando esse torneio!
Acho que as vezes o Caju pega pesado sim, por puro saudosismo. Mas quem viveu a era de ouro do futebol brasileiro tem moral para falar.
O fato é que se a CBF não juntar com os clubes para projetos sérios nas categorias de base, o Brasil vai cair ainda mais e logo pode perder até mesmo o posto de exportador de atletas.
O problema é simples de identificar, e eu diria que hoje talvez, Impossível de resolver.
Formamos atletas aqui, para o consumo Europeu. ( e ponto )
Há uns três anos, o Joel treinava o Vasco na Série B. Enquanto ele dava sua palestra pré-jogos, os jogadores filmavam e riam de sua cara.
Acho que, no máximo, esses profissionais podem exercer funções como coordenadores ou gerentes de futebol, vide o Espinosa no Grêmio, Antônio Lopes no Botafogo.
O tempo passou, o futebol mudou, os métodos evoluíram.
Henrique, esse seu comentário me fez lembrar de como alguns jogadores só se portam como homens quando é conveniente, quando passam no caixa para pegar (o justo) salário de R$ 1 milhão.
Inadmissível um jogador como o veterano Douglas, que até o ano passado estava no Grêmio, filmar, fazer piada e colocar em uma rede social uma reunião de trabalho, como é uma preleção.
Como o, me perdoem o vocabulário, idiota do Thiago Neves, de quase 34 anos, fazer uma lamentável “brincadeira” com a tragédia em Brumadinho e depois pedir desculpas. Tem muitos, como ele, que é alienado quando é do interesse. Quero esse povo longe da Gávea.
Kleber meu presidente nessa discordo frontalmente de vocês…todos esses treinadores que citou estão ultrapassados e não os vejo mais capazes de realizar bom trabalho comandando equipes mas nada os impede de trabalhar nos bastidores….no futevol como na vida quem não se recicla e se reinventa fica pra trás.
Henrique e Diogo, amigos,
Em tese, vocês não deixam de ter razão. Em Tese…
A realidade do futebol é outra. Falo com – modéstia ao largo – um pouquinho de conhecimento de causa.
Ja vi um treinador ganhar um jogo,decisivo , no intervalo, com o seu time perdendo de 1 x 0 e, com um jogador a menos. 3 x 1 foi o resultado e, a vitória foi dele. Começou partindo para cima de dois jogadores que entraram no vestiário se pegando. Depois, com o time com menos um jogador, ousou, fazendo uma substituição improvável.
Ha treinadores que dominam o vestiário. Este foi um caso típico. O jogo foi ganho pelo talento dele. Aliás, talento e longa experiência.
E, por favor, vamos parar com este negócio de achar que, pela idade, alguém possa estar superado. Não troco nenhum destes vovôs garotos do mundo da bola, ainda plenos de vitalidade, por todos estes “estagiários, juntos.
Com todo respeito…
Forte abraço.
2005…flamengo 3x botafogo 1 brasileiro…em volta redonda.
Kleber,pode ser saudosismo.Mas,havia um tecnico no FLA com esta capacidade.O time descia para o vestiário,no intervalo,perdendo.No 2.o tempo revertia o placar e ganhava o jogo.Seu apelido,”feiticeiro”.Falo,de Fleitas Solich….
Os mais antigos devem conhecer…
bs.
Caro. Kleber
Com todo respeito, Joel santana, Jair pereira e Leão nunca agregaram nada para o futebol Brasileiro. Treinadores regionais. Se especializar para eles, era coisa de Playboy. O Abel não fica muito distante disso. Treinador que acha Uribe craque deve ter algum problema de conhecimento ou de discernimento. Como torcedor acredita em tudo, estamos acreditando no Abel, Pará, Diego, Uribe, Renê…..assim como um dia também confiamos no Joel, jair, Leão, tigre, Lazaroni, waldemar…. Os estagiários com certeza precisam de uma rodagem maior…mas pelo menos buscam se especializarem…já os treinadores citados por vsa. ficaram parados no tempo. Qualquer ser humano para crescer precisa buscar novas ferramentas, tecnologias. Ou seja, estudar. Um treinador que achava que Toró era craque, tem algo errado. Quanto a CBF, alguns que lá estão deveriam está fazendo companhia ao ex governador ou ao Marin. Uma entidade que tem um ex presidente preso, outro é proibido de viajar para o exterior, e ainda tem um que tem mais processo que os politicos do lava jato. Tel alguma coisa errada e não é só por culpa dos estagiários. CBF tem que fechar.
SRN
Denis, amigo,
A premissa para alguém se especializar em alguma coisa é o conhecimento. Como alguém que não sabe nada pode se especializar?
Você, pelo que li, faz parte da turma que acha que futebol é algo muito simples. Não é. Experiência, rodagem, liderança, coragem e sensibilidade, são requisitos para quem pretende ser um bom treinador. Que estagiário você aí enquadraria?
E mais. Graças aos estagiários que andam por aí, a cabeça dos nossos meninos anda bitolada por táticas mirabolantes e correrias desenfreadas. Ousar, driblar, criar? Nem pensar! Tudo pelo coletivo…
E, por isso, à cada dia, perdemos a nossa identidade e vamos acumulando micos internacionais, como neste sul americano sub 20.
Nada tenho contra a renovação. Só que, não adianta apenas ser novo. Que o novo chegue com alguma bagagem, como é o caso de Rogério Ceni que, como treinador é um fato novo, mas com uma experiência incomum acumulada ao longo de uma carreira super vitoriosa como jogador. Que outros Rogérios apareçam e que os estagiários retornem para suas aulas de educação física. O futebol ficará grato.
Forte abraço.
Interessante os comentários aqui no blog. Cada qual se julga o dono da razão e faz afirmações ” indiscutíveis!!!! ” Joel, Leão, e Jair Pereira são treinadores regionais e nunca agregaram nada a nosso futebol” Denis, desculpe-me a discordãncia qto ao Joel. Quantos títulos esse homem tem? Já nos salvou de um rebaixamento quase certo!
Leão nunca foi minha preferência como treinador.
Extremamente autoritário, mas pode ter seus méritos.
Kleber, penso que tudo na vida deve ser feito com cuidado e paulatinamente. Os novos, inevitávelmente sustituirão os mais antigos, mas devagar…encher os clubes de estagiários? Não dá!
Acabei de assistir agora, Talleres 2, São Paulo de Jardine 0. De quebra, fiquei com a sensação que nos livramos de uma roubada. O Pablo não me pareceu ser tudo o que disseram dele.
Abel, para mim é um grande treinador, tem o controle do vestiário e, se tem escalado Uribe, que realmente não enche os olhos de ninguém, é tentando fazer com que o clube , que pagou um dinheirão por essa draga, não tenha tanto prejuízo.
Afinal, sob sua direção, Dourado foi o artilheiro do brasileiro. E todos sabemos que Dourado não é nenhum primor em matéria de técnica. Esse é o papel do grande treinador, tirar o máximo de seus jogadores. Incompetentes, pra mim, nesse caso, é quem os contrata.
Levir é ótimo treinador, assim como Barbiéri, após o estágio que nos custou o brasileiro, tem ido bem no Goiás, que é onde deveria estar o ano passado iniciando sua carreira.
Torço por todos os jovens treinadores, mas que comecem suas carreiras longe de nosso Mengo.
Amigos, desculpem-me se peguei um pouco pesado em minhas opiniões, mas é o que penso!
Abs e SRN
Caro Mauro
Se o Joel, Jair e Leão são tão bons como você afirma, por que estão desempregados há anos?
SRN
Denis, sobre Jair, nem comentei, não conheço seu trabalho. Leão, disse aqui que não me agrada, por seu autoritarismo e antipatia. Já Joel, considero uma bobagem, vários clubes ficarem experimentando nomes e deixarem de contratar um bom treinador como ele!
Sinceramente, em todas as profissões a experiencia conta. Temos bons compositores, médicos, engenheiros, escritores, técnicos de atletismo, volei, ginástica, veteranos. Porque diabos apenas técnicos de futebol não podem se valer da experiência?
Claro que há um desgaste físico, para isso bons ajudantes poderiam atuar adquirindo experiência e conhecimento de clubes e grupos.
Abs Denis!
Os “estagiários” ganharam forma pela exigência da nova mídia (ESPN, fox e SporTV…) que os têm como profundos conhecedores do futebol, em grande parte pela linguagem formal e os termos técnicos irritantes que usam, cite-se, por exemplo, Roger Machado, nunca ganhou nada, ao contrário, deixou Grêmio, Galo e Palmeiras em situações difíceis, mas é admirado pela “vanguarda” do jornalismo brasileiro.
Ao mesmo tempo esse tipo de “jornalista” expurgou treinadores experientes como os citados acima. E
“aí” daquele dirigente que os contratar, seria queimado e ridicularizado junto ao mestre que tanto fez pelo futebol brasileiro.
Bom dia
Pra quem não usa o Twitter, segue uma #mitada que está dando o que falar.
E agora Juninho?
Esse Juninho Pernambucano é um imbecil…
Voltamos a ter mais de 100 mil sócios torcedores.
Essa é uma das frentes que nos faz crescer cada dia mais.
Parabéns a todos que contribuem ! !!
Isso me representa !
Prezados,
Eu ficarei dos dois lados da discussão. Ano passado eu já defendia a tese de que o Barbieri, para continuar no Flamengo, precisava de um Auxiliar Técnico experiente. O auxiliar dele era o também jovem Maurício Souza (que fez um trabalho fabuloso na base, inclusive)… Podemos muito bem mesclar a energia e novos métodos de um jovem com a experiência e sabedoria de um experiente.
Maurício Barbieri e Joel Santana, por exemplo.
Kleber, permita-me discordar. E para discordar de sua tese, vou usar justamente seu amado Flamengo, no período 2013-2018, a gestão Bandeira de Mello.
Bandeira iniciou seu mandato com o cascudo Dorival Júnior, mudou para o rodado Jorginho (inclusive Copa do Mundo como auxiliar de Dunga) e aí optou por contratar o cascudíssimo Mano Menezes, ex-Grêmio, Corinthians e Seleção. Nem perto de ser um estagiário. Mano pediu o boné e largou o time com três meses de trabalho. Se Jayme de Almeida não é um treinador consagrado, faz o pefil clássico do boleiro com grande vivência do clube e sucedeu Mano. Não resistiu a um mal início em 2014
Veio Ney Franco. Outro técnico com rodagem. Que também não resistiu. E foi substituído por Vanderley Luxemburgo. Que saiu em 2015 atirando até na própria sombra (e que desde muito tempo não consegue apresentar um trabalho minimamente respeitável).
Em 2015 foi a primeira vez que o Flamengo passou algum tempo na mão de um “estagiário”, Daivid. Mas logo em seguida voltou ao boleiro velho conhecido Jayme de Almeida. Que passou a bola ao já então rodado Cristóvão Borges. Que acabou caindo acusando até de racismo setores da torcida do Flamengo (SANTO DEUS!). Oswaldo de Oliveira o substituiu, mas o ano terminou mesmo com o boleirão Jayme de Almeida.
Em 2016, chega o consagrado Muricy. Que com problemas de saúde, largou o time. E só por isso Zé Ricardo foi promovido. Entretando, é bom lembrar: o time não vinha rendendo com Muricy. E subiu bem de produção com o “estagiário”.
Muricy mereceria um capítulo à parte. Seu último título foi em 2008. Jogando Muricybol, um esporte que lembra remotamente o futebol. Muricy já declarou que não treina ataque. Que atacantes precisam de liberdade para exercer sua criatividade. Não é coincidência que seus times tivessem 729 cruzamentos por jogo. Já Tite, no período sabático pós-Corinthians, quando imaginava que seria técnico do Brasil no pós-2014, foi pra Europa focado justamente em montar ataques.
Mas voltemos a Zé Ricardo. Pq foi com ele que o atual time começou a ser montado. E quem diz não sou eu: Abelão tem repetido isso em suas entrevista. Zé não resistiu à pressão brutal da torcida. E o argumento central para derrubá-lo foi justamente o do “estagiário”. O boleirão Jayme de Almeida tapou buraco mais uma vez, até que pressionado pelas redes sociais, Eduardo Bandeira de Mello trouxe o colombiano Reinaldo Rueda.
Rueda ficou o tempo suficiente de arrumar um emprego mais estável no Chile. E por mais que eh tenha críticas à forma com que ele saiu, entendo perfeitamente. Mesmo não tendo montado o time, mesmo assumindo um trabalho no terço final da temporada, Rueda era cobrado como inventor do time. Quem no seu lugar não aceitaria um emprego mais estável?
Para o lugar de Rueda, Rodrigo Caetano, atualmente gestor do meu Inter, resolveu pagar uma dívida de gratidão com Paulo César Carpeggiani. Não dá pra dizer que Carpeggiani é um menino. Foi o técnico do Mundial de 1981. Tá na estrada há tempo mais do qud suficiente para não ser chamado de estagiário. Novamente deu errado. E aí caiu todo mundo, Caetano incluso e Barbieri, o último estagiário, teve sua chance.
Barbieri, substituído por Dorival que finalmente entrega para Abelão.
Só na era Bandeira de Mello, de 2013 a 2018, foram 15 treinadores. Uma média de três técnicos por ano. Um troço inacreditável.
No livro Guardiola – Confidencial, do jornalista Martí Perarnau, o treinador que é considerado por muitos o maior deste Século XXI defende a tese de que qualquer treinador precisa de ao menos três anos para mostrar seu trabalho. No primeiro, ele se ambienta e conhece a cultura do novo clube. No segundo ano, molda o elenco. No terceiro finalmente deve ser cobrado pelos resultados.
Talvez você leia o parágrafo anterior e pense: “pronto! Mais um moderninho!”. Então, caro Kleber, voltarei no tempo e apelarei para a história do próprio Flamengo. Teríamos tido o título da Libertadores e do Mundial se Márcio Braga tivesse demitido Cláudio Coutinho após as derrotas no Carioca de 1976 e 1977? Lembre-se: Coutinho era Professor de Educação Física e também nunca tinha jogado futebol na vida. Também sofria críticas pesadas por querer “europeizar” o malemolente futebol brasileiro. Só não era chamado de Professor Pardal porque este xingamento não estava em moda naquela época.
Volto ainda mais no tempo para mostrar que passo longe de ser “moderninho”. Em 1957 o São Paulo ousou e contratou o refugiado húngaro Béla Guttmann. Guttmann tinha como auxiliar Vicente Feola, a quem ensinou o sistema 4-2-4. O sistema que nos deu nossa primeira Copa, em 1958. Guttmann ainda venceria duas Champions League pelo Benfica.
Em 1994, outro professor de Educação Física que em 1994 tinha dividido com Coutinho a preparação da Seleção de 1970, Carlos Alberto Parreira, nos tirou da fila de 24 anos sem Copas do Mundo. Mais uma vez Parreira foi “acusado” de europeizar o futebol brasileiro e não respeitar as características de nosso malemolente futebol.
Estou longe de achar o futebol algo simples. E justamente por não ser simples precisa de tempo, paciência, respeito ao planejamento e ao conhecimento especializado. Após o fiasco na Euro 2000, a Alemanha liderou uma verdadeira Revolução em seu futebol. Técnicos de hóquei, handebol e outros esportes coletivos foram chamados pra colaborar. 14 anos depois, eles enfiaram 7 a 1 no nosso querido Felipão.
Outro lugar em que um técnico de hóquei contribuiu para o futebol: a Argentina. Ariel Holán, técnico que derrotou o Flamengo na decisão da Sulamericana 2017, treinava a Seleção de Hóquei na grama do Uruguai até 2003.
Neste Século XXI, nossos dois melhores técnicos se aventuraram na Europa. Campeão da Copa em 2002, Felipão fez um belíssimo trabalho na Seleção de Portugal e foi um fiasco no Chelsea. Não voltou a treinar um clube europeu.
Já Luxemburgo teve à sua disposição o Real dos Galáticos, com Ronaldo, Roberto Carlos, Zidane. Ficou uma temporada e assim como Felipão não treinou mais nenhum clube europeu.
Temos três títulos Mundias de Clubes neste novo século: 2005, com o São Paulo, 2006 com o meu Inter e 2012 com o Corinthians de Tite. Nos três casos, os times brasileiros armaram um ferrolho e jogaram por uma bola. Em nenhum dos três títulos chegamos sequer perto de ao menos emparelhar os jogos.
Afora os títulos temos os fiascos do meu Inter em 2010 e do Atlético-MG em 2013.
O problema do Brasil é estrutural. Aceitamos o papel de meros exportadores de pé-de-obra. Os clubes não constróem identidade e cultura de jogo. Babamos com o Corinthians, ÚNICO dentre 20 clubes da Série A a ter um estilo se jogo claro e definido.
Não adianta tentar voltar no tempo. É loucura imaginar que Papai Joel, o Pofexô Luxa ou qualquer outro que tenha feito sucesso nos anos 1990 vá ter a solução para os nossos problemas em 2019. Como diria Albert Einstein: loucura é esperar resultados diferentes tomando as mesmas atitudes.
Sejamos humildes. Voltemos à prancheta. Analisemos a nossa própria história vitoriosa.
Forte abraço, Kleber!
Eu queria ter escrito esse texto só para acrescentar um detalhe. Zagalo foi um gênio em seu tempo de jogador, e que nos trouxe bons suspiros como técnico.
Eduardo Bisotto…… EXCELENTE TEXTO…………………………………………
Bem vindo ao time dos ……………………………………………………………….MODERNINHOS
uahauhauhauahuhauhauahuahauahuahauha
Tamo junto nas modernidade, Anderson. Hahahahaha. Abração!
Bisotto, querido amigo,
Desculpe a falta de modéstia, mas o momento requer.
Vivi Tudo isso que você aqui colocou. Como torcedor, jornalista atuante e dirigente.
Coutinho e Parreira, foram exceções!!! Não calçaram chuteira e, mesmo assim, foram vitoriosos e importantes.Cite outro, no mesmo nível. Duvido!
No futebol, mais do que em qualquer outra atividade, o dia a dia, é tudo. Como estou absolutamente convicto do perigoso momento em que nos encontramos, vou usar este espaço para alertar. Futebol, é para quem é do ramo. Caramba, e há gente pronta para isso. Só eu, citaria umas dez.
Com todo respeito, que tal não confundir modernidade com viagem sem volta?
Repito: com todo respeito…
Forte abraço.
Só eu, citaria umas cem. Cem que se dizem expert e fizeram enormes cagadas no futebol.
“Com todo respeito, que tal não confundir modernidade com viagem sem volta?”
Sea viagem for pra frente e moderna, eu topo!
Mas, Kleber: pensamos EXATAMENTE o mesmo! Futebol é pra quem é do ramo.
Por exemplo o jovem Thiago Nunes, que assumiu o Athletico Paranaense ano passado, após o início claudicante de Fernando Diniz. Ele pegou um time na zona do rebaixamento e fechou nos 10 primeiros do Brasileirão. Fora o título da Sulamericana.
Longe de mim querer entender 5% de futebol do que tu entendes. Mas “ser do ramo” não necessariamente passa pela experiência de ter jogado. Tu és a prova viva disso: tendo iniciado a carreira como jornalista, certamente teu trabalho é o melhor do futebol rubro-negro nos últimos 25 anos, pelo menos.
Arrigo Sacchi, o gênio do futebol italiano dos anos 1980 e 1990, quando lá estava o melhor futebol do mundo (Zico e Júnior inclusos), tinha uma frase maravilhosa: “Não é preciso ter sido cavalo para ser um bom jóquei”.
Sacchi ganhou um título italiano (87/88), duas Champions (88/89 e 89/90) dois Mundiais e foi o técnico vice de 1994.
Não acho que o problema do futebol brasileiro no momento sejam os jovens, nem tampouco as inovações. É justamente o contrário: falta tempo, falta paciência e falta convicção no planejamento. Insisto: se Márcio Braga tivesse desistido de Coutinho após a perda dos Cariocas de 76 e 77, não haveria Libertadores e nem Mundial em 81. E talvez até Zico tivesse sido fritado.
É sempre um prazer aprender e ter a oportunidade de debater com um dos dirigentes mais brilhantes da história deste país.
Abração, Kleber!
Bisotto, querido amigo,
Para início de conversa, é prazer e honra trocar figurinhas com você sobre o tema que tanto amamos.
Vamos lá. Márcio Braga assumiu em 77 e encontrou no Flamengo uma dádiva, qual seja a geração Zico, obra e graça de Ivan Drumond e Adayl Braga, duas extraordinárias figuras rubro-negras. Vi tudo isto nascer e florescer, ao vivo e a cores. Cláudio Coutinho que nunca havia calçado uma chuteira, foi a primeira exceção, entre os que não eram do ramo e, emplacaram. A segunda, foi Parreira e, depois, ninguém!
Portanto, em meio a centenas de treinadores, no panorama nacional, constatamos que dois sem origem nas quatro linhas, deram certo. Coutinho e Parreira. E, ponto!
A minha linha de raciocínio quanto a renovação, vai na direção, por exemplo, de Rogério Ceni. Líder na acepção da palavra. Capitão durante anos do São Paulo. Experiência do dia a dia e das inúmeras jornadas e conquistas. Enfim, uma aposta que faz sentido.
Pergunto: Quantos Rogerios passaram batidos e nunca foram lapidados e, depois, aproveitados.
Você quer um exemplo? A maior liderança que conheci no futebol – e tenho um bom tempo de janela – foi Fabio Luciano. Incrível como até hoje não tenha sido aproveitando de alguma forma.
Paralelo ao que acabo de comentar, sem que tenha feito sequer segundo grau, os “ estagiários” estão com a mão na massa…
Quer saber mais? Acho ou, tenho quase certeza de que há um velado preconceito racial. Quantos treinadores negros temos? Quantos grandes jogadores negros tivemos? A proporção não é equilibrada.
O que estou querendo dizer, é que se os jogadores negros fossem olhados sem preconceito, certamente teríamos muito mais treinadores… “do ramo!”
Enfim, o tema é complexo, quando deveria ser simples. Cada macaco no seu galho. E, sem preconceito.
Forte abraço.
Concordo em tudo. Especialmente na necessidade de lapidação. Meu Inter é um anti-exemplo: somos peritos em derreter ídolos. Falcão, Dunga e Fernandão, os três fritados. Dunga é um caso à parte: sem lapidação e experiência prévia alguma, ganhou a Seleção, que deveria ser o prêmio maior. Não satisfeita, a CBF repetiu o erro.
Sobre os treinadores negros, o racismo velado no meio do futebol é constatado no dia-a-dia. O fato de um Andrade, Campeão Brasileiro, não dar seguimento à carreira, prova isso. O mesmo vale pro próprio Jayme de Almeida.
Quanto a turma do ramo, o que eu defendo é troca, diálogo, intercâmbio. Será que um Bernardinho não teria contribuição nenhuma pro nosso futebol? Um Zé Roberto Guimarães? Será que as Universidades e seu vasto cabedal de conhecimentos multi-disciplinares não podem contribuir, melhorar processos, evoluir treinamentos, análises, processos do dia-a-dia?
Guardiola, tão incensado, tem mais de 20 profissionais de diferentes áreas na equipe dele. No ano sabático que passou nos Estados Unodos, foi trocar ideias com Kasparov, o gênio do xadrez.
Concluo: um Rogério, escorado em múltiplos profissionais das mais variadas disciplinas e ouvindo técnicos até mesmo de outros esportes, só teria a crescer. Certamente seria melhor que um Holán, que mesmo vindo de outro esporte já é um grande treinador.
E fechando de vez: este princípios de multi-disciplinaridade, conhecimentos científicos e planejamento global já eram praticados pelo nosso saudoso João Havelange na preparação da Copa de 58. Levamos o título.
Abração, Kleber! A honra é sempre minha podendo contar com sua sabedoria e experiência.