Os franceses têm fama de pouca paciência, principalmente com os turistas. Bom humor realmente não é o forte deles e, devo acrescentar que estou inteiramente à vontade para este papo, por jamais ter sido vítima dessa impaciência. De repente, é a mesma coisa de alguém que nunca tenha sido assaltado no Brasil. Mesmo sem ter sido vítima, você sabe que o problema existe.
O tema gera discussão por um fato ocorrido hoje. Max é um adorável menino que tem oito anos e dupla nacionalidade. Fala francês e português com total perfeição, e este ano foi definitivamente para o Brasil, onde estuda no Liceu Molière, em Laranjeiras, que concede aos alunos, neste período, duas semanas de férias. Max veio para Paris rever seus parentes, e sua mãe providenciou uma visita dele à escola francesa onde estudou dos três aos oito anos de idade. Todos os obstáculos foram superados para que pudesse ele passar três horas com os amiguinhos que deixou por aqui. Até seguro de vida teve que ser feito…
Hoje, Max foi recebido na porta do colégio pelos seus amiguinhos, numa espécie de homenagem não programada. Já no pátio, a mãe de Max se dirigiu à professora da turma para agradecer a recepção e a oportunidade desta criança de oito anos conviver por três horas com os amiguinhos de tanto tempo. A professora, de cara enfezada, fez a seguinte colocação: “Tudo bem, mas saiba que está sendo um transtorno”. A mãe de Max engoliu em seco e o menino ficou sem jeito. Argumentei que, se estivesse junto, não perderia a oportunidade de dizer a esta professora que além de grossa, ela é insensível e, isto para quem lida com criança, convenhamos, é imperdoável. Quem vive aqui, considerou o episódio normal, típico do povo francês.
Aqui pra nós: O péssimo humor francês é cultural, é charme, ou o francês é chato mesmo?
Sei não, Kleber. Acho que pessoas chatas e insensíveis existem em tudo que é lugar. Em minha única passada por Paris, fui muito bem tratado, mesmo com um conhecimento extremamente básico do idioma local.
E mesmo que eles sejam um pouco chatos e metidos, até podem, por que a cidade vive invadida de turistas, que parecem praga. A beleza e a história da cidade lhes permite a “metidez”. Jamais estive em um lugar onde a cultura é literalmente respirada, sentida no ar.
E é claro que seu relato demonstrou a impaciência de uma pessoa que não deveria trabalhar com crianças.