A gangorra da vida

Em meio a um acúmulo de fortes emoções com vitórias dramáticas do vôlei, na quadra e na “praia”, rouco de tanto gritar pelas nossas meninas, e chorar lágrimas de ouro pela rubro-negra Rebeca Andrade, sou pego de surpresa com a notícia da morte de Adílio, um dos monstros sagrados do nosso futebol.
Já sabia que o estado de saúde de Adílio era extremamente preocupante, mas assimilar esta perda em momento de tanta alegria é como tomar um soco do Mike Tyson vendo a Mangueira desfilar. Em fração de segundos, da euforia ao nocaute. Assim é vida…

Tive a honra e privilégio de conviver com Adílio. Enquanto nosso camisa 8 jogava, eu estava nas “latinhas” das Rádios Tupi e Globo, e os nossos encontros mundo afora são incontáveis, onde os mais marcantes foram em Montevideo, na conquista da Libertadores em 81, e em Tóquio, no mesmo ano, no Mundial de Clubes.

Adílio era um ser humano dócil, educadíssimo e humilde. A fama nunca fez cócegas na sua índole e no seu caráter. Curioso que o meio de campo do Flamengo era composto por dois talentos raros e com a mesma personalidade. Andrade e Adílio foram feitos um para o outro. O entendimento era perfeito, dentro e fora das quatro linhas. Jogadores e amigos inseparáveis.

Que Papai do Céu receba o nosso cracaço com tapete vermelho e preto.
Lá se vai mais um pedaço da vida da gente.
Descanse em paz querido amigo e, muito obrigado por você ter feito parte da minha vida e proporcionado tantas alegrias à nossa Nação.