Ontem, através dos números, ficou claro que os clubes – por maioria esmagadora – decidiram que o Coronel Nunes ocupasse a mais importante cadeira entre os vice-presidentes da CBF e, em função disso afirmei aqui que, quem brada por mudanças na Confederação e nas Federações, deveria antes estar preocupado em mudar “a cabeça” de quem realmente, através do voto, decide.
Com 40 votos de um total de 67, os clubes são soberanos. Agora, aprofundando no tema, lembro aos amigos que, pegando o Flamengo como exemplo, apesar do regime ser presidencialista, em muitas ocasiões, decisões importantes são de competência do Conselho de Administração ou do Conselho Deliberativo, cabendo ao presidente cumprir o que foi decidido. Vamos fazer o seguinte exercício, para que possamos meditar sobre o tema. Vamos imaginar que haverá uma eleição para a presidência da CBF, e o Flamengo, como integrante da série A, será um dos votantes. A decisão de em quem o Flamengo deve votar, deve ser de uma única pessoa, no caso o presidente ou, pela relevância do fato, o voto do Flamengo deve ser decidido pelo seu Conselho Deliberativo?
Vale dizer que fazem parte do Conselho Deliberativo do Flamengo, todos os sócios proprietários que manifestam interesse em participar deste conselho, mais os conselheiros eleitos, e ainda os membros natos, que são os ex-presidentes de poderes. Portanto, o colégio eleitoral é amplo e dividido em várias camadas sociais, o que sempre deixa tudo mais equilibrado e justo. Claro que o presidente terá o poder de defender a sua tese ou, neste caso, o seu candidato preferido, mas na hipótese desta opção ser estranha, terá pregado ele no deserto, pois o Conselho Deliberativo poderá dizer não a uma opção que a maioria entenda não ser a melhor para o futebol e, consequentemente, para o próprio clube.
Não seria este um bom caminho?
Caro Kleber,
O passarinho rubro-negro não piou mais para você? Queremos novidades quentes.. rsrs
Abraço
O único dirigente que até agora ví com coragem e disposição para encarar essa corja de sanguessugas é o Alexandre Kalil. Ele acabou de sair da Presidência da Liga por entender que os clubes estão reféns demais da CBF. Desse jeito, a dependência e conivência com esta entidade impedirá que os clubes assumam o controle do futebol. Homens para chorar há muitos, mas para gritar e encarar o desafio são poucos. Pena que o Kalil seja uma andorinha só.
Caro amigo Kleber, sou um leitor recente porem assiduo de seu blog, minha admiração por ti é oriunda de nossas visões parecidas em relação a tamanhos de jogadores que devemos contratar. Sem mais delongas, gostaria demais de ler o amigo dissertando em relação a ida do Ronaldo pro Corinthians, não permanecendo aqui com a gente. Nao sei se ja existe artigo contando este fato, caso exista me diga o mes e o ano em que foi para facilitar minha busca nos arquivos do blog. Um abraço!
Kléber, permita-me discordar. O Sistema eleitoral no Brasil é falho, tanto na política pública quanto na desportiva. Hoje, um candidato possui meia-hora de programa gratuito, com orçamento milionário e equipe de publicitários contra outro com 5 minutos disponíveis e um orçamento que só permite um discurso perante uma câmera. Por mais injusto que pareça, ainda é mais democrático que a realidade vivida pelo futebol.
A CBF anunciou, com 20 dias de antecedência, a ‘eleição’ para ocupar a cadeira vaga de Marin. Por mais que o colégio eleitoral da CBF dê direito de voto a 40 clubes das séries A e B, estes clubes unidos não poderiam lançar um candidato, pois é necessário que hajam 8 Federações, num universo de 27, apoiando esta candidatura. Ou seja, um terço das federações e 5 clubes.
Ainda que esqueçamos que foram apenas 20 dias, tempo ridículo e que tornaria impossível um possível candidato se reunir ou conversar com todo o colégio eleitoral, precisamos ser muito inocentes pra acreditar nesta suposta democracia.
Oras, o discurso da CBF e da FERJ é o mesmo em frente à mídia e outra no mundo real. Ambas alegam que os clubes decidem, mas não são poucos os relatos anônimos dos dirigentes com medo de retaliações, vinganças e etc. Se clubes como Flamengo sofrem retaliações públicas, como visto agora nova regulamentação da FERJ, que nos impedirá de jogar campeonatos amadores e mesmo sendo nosso jogo com time reserva sendo mais atrativo pra TV do que times titulares de Botafogo e Vasco, ainda que a TV nos escolha pro seu horário nobre, a renda será retirada do Flamengo e distribuída entre os outros clubes.
No papel, é tudo muito lindo, mas na vida real demonstrar algum tipo de insatisfação com a cúpula da CBF e suas federações é declarar guerra.
E hoje seria loucura o Fla abrir Guerra com FERJ e CBF ao mesmo tempo.