Queridos amigos. Este filme que está passando agora, quando os clubes brigam com a Federação do Rio, para mim nada tem de novo. Não só já presenciei, como participei.
Como presidente, o time do Flamengo, em todos os jogos, entrava em campo exibindo uma enorme faixa onde se lia: “FORA CAIXA D’ÁGUA” (foto). Como presidente, por total discordância com a Federação, o Flamengo abandonou um campeonato carioca. Chega? Ficou claro qual era, à época, o nosso posicionamento político?
Como já vi este filme, posso assegurar que, embora com a melhor das intenções, procurei o caminho errado para encontrar as soluções. Rigorosamente a mesma coisa que está sendo feita agora pelos atuais dirigentes.
Nada tenho contra o presidente Eduardo Bandeira de Mello. Muito pelo contrário, pois o considero um gentleman. Só que os erros cometidos por mim, estão sendo repetidos agora. Lá atrás, ao invés de dialogar com a faca na boca, deveria eu ter tido mais competência política, e ter encontrado as soluções para o meu clube.
O que coloquei no post anterior, é que não adianta se dar murro em ponta de faca. É burrice!
Tenho a noção exata, pois fui insensível e afoito, quando deveria ter sido político e inteligente. Esta guerra só se ganha através do diálogo, da sensibilidade, da inteligência e do molejo…
Houve um comentário, do companheiro ANDRÉ TAVARES, que de certa forma traduz tudo o que tento passar agora para vocês.
“(…) Sou a favor de reduzir as datas e não acabar. Os dirigentes deveriam chamar a dupla Eduardo Rocha (potiguar) e Alex Portela (baiano) para ensinar como se articula uma Liga junto à CBF, foram persistentes, fizeram o caminho inverso, buscaram receita, patrocinadores, TV, união das Federações e depois de tudo pronto foram à CBF, que não teve força para dar a negativa, até vaga da sul americana eles conseguiram.
Acho que os dirigentes da 2ª Liga devem ser firmes também, não podem baixar a cabeça. Falta a eles uma pessoa experiente para fazer esse meio de campo com a CBF (Kleber Leite, Marcos Motta, Michel Assef pai, etc…), com diálogo tudo se resolve, às vezes é melhor dar um passo atrás agora, e na frente resolver tudo. Não vejo na FFERJ, como na LIGA, ninguém querendo dar o passo para trás.
Perde o futebol, perde o torcedor….”
Enfim, é isso aí. Com jeitinho, com muito papo, com carinho, com sensibilidade, com inteligência, com competência e com muita transpiração, a Liga do Nordeste existe e, comanda hoje o principal campeonato regional do país.
Sem briga, sem tiroteio, sem discussão, sem nada… Não será este um exemplo mais do que oportuno?
Veja esse artigo:
http://www.falandodeflamengo.com.br/2016/01/27/em-briga-judicial-com-liga-cbf-perdeu-nao-puniu-ninguem-e-teve-de-recuar/
O atual confronto entre a CBF e a Primeira Liga não é inédito. Já houve outra disputa da confederação com uma liga de clubes, a do Nordeste. Naquela briga, a entidade tentou derrubar o campeonato regional, e o caso parou na Justiça. Resultado: a CBF perdeu em todas as instâncias judiciais, não puniu clubes, quase teve prejuízo de milhões e teve que aceitar acordo para reavivar a competição.
Há até uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que reconhece o direito de as ligas organizarem campeonatos sem interferência ou punições da entidade. Essa é exatamente a tese defendida pelos advogados da Primeira Liga, baseados na Lei Pelé, contra as ameaças da confederação.
A confusão da Liga do Nordeste começou em 2002. No ano anterior, a CBF tinha estabelecido o calendário quadrienal com campeonatos regionais, Sul-Minas, Rio-São Paulo, Nordeste, etc. Mas, em 2002, a entidade mudou tudo, institui o Brasileiro de pontos corridos e acabou com essas competições.
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Em 2003, a Liga do Nordeste, formada por 16 clubes da região, entrou na Justiça contra a confederação e contra a Globo. Da CBF, exigiu o direito de realizar a competição e indenização pelos prejuízos. Da Globo, demandava que cumprisse o contrato: transmitisse e pagasse pela competição.
Em uma das sentenças da ação contra a Globo, em julho de 2004, a juíza Teresa de Andrade Castro Neves, da 17a Vara Cível do Rio, deixa claro que a liga tem direito a realizar a competição independente da CBF incluí-la no calendário. “Desta forma, é facultado a Autora se manter independente e é permitido organizar campeonatos, tal como estabelecem os parágrafos 3o e 5o do artigo 20 acima transcrito. Por esses motivos, sendo inclusive vedada a intervenção da CBF nas ligas independentes”,
No relatório, a magistrada ainda afirma que a CBF “reconheceu em contestação o seu (da Liga) direito”. Ou seja, a própria confederação admitia que não podia interferir em ligas.
No processo da Liga contra a confederação, o resultado não foi diferente, inclusive no STJ, maior instância do judiciário para a causa. Em 2007, a ministra do STJ Nancy Andrighui corroborou decisão do tribunal do Rio de Janeiro de dar razão à liga, tanto quanto sua legalidade quanto do impedimento da CBF de punir qualquer clube.
“Ocorre que, quanto ao ponto, verifica-se acertada a conclusão do acórdão recorrido no sentido de que o provimento cautelar que impede a recorrente (CBF) de, eventualmente, punir os clubes que participaram do Campeonato do Nordeste de 2003 merece ser mantido. De fato, um dos principais motivos que ensejou a propositura da presente ação era o de que a recorrente interferisse no gerenciamento dos negócios geridos pela recorrida, inclusive mediante o estabelecimento de punições aos clubes participantes do referido torneio regional”, diz a ministra.
Ou seja, à luz da Justiça brasileira, a CBF simplesmente não pode ameaçar punir clubes ou interferir em ligas como tenta fazer agora com a Primeira Liga. Tanto que o regional do Nordeste ocorreu em 2003, embora tenha dado prejuízo pelas ações da confederação e da Globo.
Por isso, a Liga do Nordeste não queria apenas o direito a realizar a competição: tinha o objetivo de obter ressarcimento pelos danos financeiros por retirar a competição do calendário. E ganhou. Na segunda instância da Justiça do Rio, a liga já tinha direito a R$ 38 milhões de indenização da entidade. Uma perícia judicial chegou a avaliar a demanda em R$ 79 milhões.
Detalhe: em suas derrotas judiciais a CBF contava como advogado Luis Roberto Barroso, que hoje é ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e defendeu a entidade por vários anos.
Derrotada e ameaçada por uma execução milionária, a confederação teve de recuar e negociou um acordo com os clubes e a liga. A Liga do Nordeste voltou em 2010, mas só retornou em definitivo em 2013 quando passou a ser disputada dentro do calendário da entidade. Em troca, o processo foi retirado, e abriu-se mão da indenização milionária.
Ao contrário da versão divulgada por dirigentes de federações e da CBF, o campeonato só ressurgiu pela ação judicial dos clubes nordestinos e de sua liga que enfrentaram a confederação, e não por concessões feitas por federações. O blog procurou o departamento jurídico da CBF para comentar o caso, mas não recebeu resposta.
UOL
De acordo com esse texto, do normalmente tendencioso Rodrigo Mattos, o imbroglio na justiça entre a CBF e a Liga do Nordeste se deu em 2002/2003, mas a Copa do Nordeste só voltou a ocorrer dez anos depois, em 2013.
Cadê a vitória da Liga contra a CBF? Só vi derrota. Foram “apenas” dez anos sem liga e sem copa…
Tudo depende de como você enxerga o copo, meio cheio, ou meio vazio…
Precisamos de diálogo, e não de intolerância!
Kleber, na época em que vc foi presidente a torcida não abraçou tanto a causa, dessa vez é diferente, estão todos contra o “sistema” Fferj e CBF, está escancarado que a FFERJ também está de birra, a ultima noticia é que o Rubens Lopes enviou uma carta para todas as federações, pedindo que não recebessem a dupla Fla Flu …ahh me poupe, onde já se viu isso, até em outras federações o cara quer mandar.
Aproveitando a falta de credibilidade e moral da CBF e até mesmo da FIFA, sou totalmente a favor de darmos “murros em ponta de faca” só pra tentarmos mudar de uma vez por todas a maior paixão nacional.
Abraços Allex Sandro
Caro Kléber:
Teu comentário e toda a tua postura no caso da briga Liga-Ferj-CBF me faz lembrar de um episódio durante a transição da ditadura para a democracia. Geisel assumiu o poder, na seqüência do governo Médici, disposto a realizar a abertura. Para isso, seu chefe da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva buscou compor pontes com a oposição.
Ulysses Guimarães era então o grande timoneiro do MDB. As conversas caminhavam bem, até Geisel testar a disposição da oposição de dialogar: encaminhou um pacote de reforma do Judiciário para o Congresso, uma bobagem que pouca diferença fazia para a democracia brasileira. Tancredo Neves era a favor do MDB votar a favor e ajudar a aprovar o pacote, recebendo em troca o fim dos Atos Institucionais autoritários. Ulysses foi contra e aproveitou para dar uma declaração, em nota oficial do partido, pesadíssima: comparou Geisel ao ditador ugandês Idi Amin Dada. O que aconteceu? Geisel fez sua reforma no canetaço, fechou o Congresso e baixou o Pacote de Abril, complicando as regras eleitorais e criando os senadores biônicos.
O ex-Presidente Juscelino Kubitschek morreu desgostoso, reclamando que os diálogos da oposição com os militares deveriam ter sido conduzidos por Tancredo.
Está faltando um Tancredo neste meio campo. As sugestões do André Tavares foram ótimas. Por acompanhar mais por aqui o seu trabalho e conhecê-lo melhor, creio que aí está o nome. Até pela sua experiência anterior no papel do incendiário Ulysses.
Forte abraço!
Valeu pelo moral Sr. Kleber.
Caro Roberto Toledo, se não acha a Copa do Nordeste uma vitória, me desculpe, não concordo com a sua opinião.
Nosso Mestre mesmo a chama de Primeira Liga, ela é um exemplo de organização, de público, de retorno financeiro, ela deu nova vida aos estaduais do nordeste, mais enxutos, com regulamentos quase iguais. Onde o vencedor do 1º turno já conquista o acesso a Copa do Nordeste.
Ela tem um apelido lindo e genuinamente nordestino LAMPIONS LEAGUE.
Se o Sr. só viu derrotas me desculpe, realmente demoraram quase 10 anos, persisitiram, dialogaram e hoje colhem os frutos. Abraço Rubro Negro para o SR.
Sr. Kleber mais uma vez obrigado pela moral.
Caro André,
Acho que me expressei mal, me referi como derrota os dez anos que a Copa do Nordeste demorou a sair, a partir da briga com a CBF, corroborando com a tese de nosso presidente, de que o ideal é o diálogo.
Conheço e admiro o sucesso da Copa do Nordeste, só acho que o sucesso, e o alcance, seria ainda maior se ela tivesse começado em 2002/2003, o que não aconteceu por causa de brigas entre a Liga e a CBF, na justiça, que retardaram o o início da Liga em dez anos. Se o diálogo tivesse vindo antes, ao invés das medidas judiciais, provavelmente a Copa do Nordeste seria um sucesso ainda maior.
E diga-se de passagem, sou um grande admirador de sua cidade e seu estado!
Um abraço e #SRN
Roberto Toledo, se os 10 anos sem a Lampions League são um fracasso, como você chama os últimos 20 anos de campeonatos cariocas? Um “sucesso”?
Kleber, concordo que o caminho é a legalidade, e por isso mesmo acho que temos que manter a posição e tocar a Liga. Afinal, “é vedada qualquer intervenção das entidades de administração do desporto nas ligas que se mantiverem independentes”, como diz a lei Pelé (art.16 parágrafo 5). Também diz a lei que a Liga pode se filiar à CBF ou não, se quiser, mas é proibido à CBF exigir filiação ou vinculação, sob qualquer pretexto (parágrafo 2 do mesmo artigo). Se a Ferj e a CBF resolveram intervir ilegalmente, como fizeram no Nordeste (e até pior, porque agora a Ferj resolveu incorrer em apropriação indébita), o resultado será o mesmo: as duas vão perder feio na Justiça, porque a lei está do nosso lado. E temos que cobrar cada centavo, com multa, juros e correção monetária. Perdemos 10 milhões agora, para ganhar 50 milhões daqui a dez anos. A grana do Hernane está chegando e vai compensar esse desfalque da Ferj por esse ano, que será o último do contrato com a TV nesses moldes.
A primeira rodada da Liga já mostrou que esse carioca não faz a menor falta. 30 mil pessoas em um jogo de estreia! O contrato com a TV acaba em 2016. Será que vão preferir transmitir Fla jogando com casa cheia contra Atlético-MG, Grêmio, Cruzeiro, Inter, em arenas modernas… ou jogos “de dar calo no olho” para 500 testemunhas, clássicos do nível de Botafogo x Cabofriense na moderna Arena Raulino de Oliveira? SRN
presidente, nesse época não havia as redes sociais incendiando… hj sabemos de toda corrupção dentro da ferj… o campeonato inchado… com intuito de ganhar mais votos nos arbitrais… tirando dinheiro dos clubes… a ACERJ hoje está totalmente queimada…. não se queime tb… OBS( obrigado por ter trazido o Romario… talvez por isso eu seja tao fanático hoje)