João Havelange

 

(Foto: José Cruz/Fotos Públicas)

(Foto: José Cruz/Fotos Públicas)

Em 1974, na Alemanha, quando realizava a minha primeira cobertura de Copa do Mundo, pude testemunhar algo, à época, inimaginável.

O Brasil não era uma das economias mais fortes do mundo, e nem gozava de prestígio internacional. Havia ainda quem imaginasse que a capital do Brasil era Buenos Aires.

Na outra ponta da linha, o mundo do futebol se deparava com algo inédito, com a candidatura de um sul-americano, brasileiro, para a presidência da FIFA, que até então só havia sido dirigida por europeus.

No início, alguns ‘velhinhos” da FIFA acharam até graça, tamanha petulância de um brasileiro imaginar que naquela cadeira pudesse sentar alguém que não fizesse parte da elite mundial. Quebraram a cara. Um brasileiro, não só sentou naquela cadeira, como promoveu uma autêntica revolução, abrindo as portas do futebol para o mundo, e consagrando a FIFA como autêntica potência.

Esta mesma FIFA, que nas mãos dos esnobes europeus sempre teve dificuldades financeiras para desenvolver o futebol e, consolidar o esporte como o mais popular do mundo, fato que só ocorreu após a chegada de João Havelange à presidência.

Da mesma forma que Fernando Collor foi afastado em função de uma Fiat Elba mal explicada, que Platini foi afastado por ter recebido um pagamento de um milhão e oitocentos mil euros – a ele devido desde 1998 -, João Havelange foi fulminado por ter supostamente recebido benefício de um milhão de dólares da falecida ISL, a título de comissão, fato negado até hoje por ele.

Enfim, estes possíveis “delitos” me parecem desproporcionais. Com relação a João Havelange, sei por amigos muito próximos, e absolutamente confiáveis, que modestamente vive, como sempre viveu. Além de acreditar na sua inocência, reverencio o brasileiro que completou ontem 100 anos que, como façanha maior e vital, foi ter democratizado, definitivamente, o mais popular esporte do planeta.