Redação SporTV

Carlos Cereto e André Rizek em ação (reprodução da TV).

Carlos Cereto e André Rizek em ação (reprodução da TV).

O formato, o conteúdo e os comunicadores, não necessariamente nesta ordem, em termos de importância, fazem do Redação SporTV, muito antes de ser programa esportivo, um prazer diferenciado para quem adora futebol.

No início, com a saída do genial Marcelo Barreto, tive minhas dúvidas com respeito ao sucesso de André Rizek na condução do programa. Talvez, uma dúvida alimentada por um sentimento antigo de que, jornal é jornal e, rádio ou TV, são coisas completamente diferentes. Neste conceito, do qual já não faço parte, pois se render a uma evidência me parece lógico, há as exceções, e André Rizek é uma delas.

Em 1970, na Rádio Tupi, o então diretor comercial, Paulo Max, contratou uma fonoaudióloga, hoje celebridade, Glorinha Beuttenmüller, para “passar um verniz” em todos os comunicadores. Com a turma do esporte, as reuniões, ou melhor, as aulas, eram sempre a cada segunda-feira, pois debatíamos muito as jornadas de final de semana. Lembro que, em um destes encontros, fiz à nossa professora a seguinte pergunta: “Glorinha, como repórter, o meu produto é a notícia. O público é o consumidor. Vamos falar de técnica para a venda deste produto? Como devo fazer e de que forma devo abordar, para que o meu produto seja consumido, seja aceito, tenha força e credibilidade?” A resposta, objetiva ao máximo, foi um tiro: “SEJA SINCERO!” E é isto que sinto em André Rizek, mesmo quando com ele não concordo. E, independentemente de talento, também obrigatório, este é o item número 1 para quem se propõe a dirigir qualquer programa. Como falei em talento, também a ele não falta. Aliás, o talento que é natural, evoluiu ao longo do tempo e, hoje, diria que está próximo da perfeição.

Quando um apresentador consegue conduzir e se comportar de forma descontraída, porém, mantendo o nível e o padrão de qualidade, é sinal de que craque é. Claro que, há ali, como diria Lulu Santos, um “auxílio luxuoso”. Hoje, vou falar apenas de um deles. Carlos Cereto. Que figurinha doce, inteligente, criativa, competente, comunicativa, sincera, delicada e bem-humorada…. Que comunicador!

Pois bem, hoje, Carlos Cereto, após Rizek colocar no ar duas “correntes” tricolores, (obs: no mundo da bola, corrente é a reunião do grupo, antes e após os jogos, em que, antes, tem caráter motivacional e, após os jogos, dependendo do resultado, comemorar ou confortar…) em que um jovem jogador, e não lembro exatamente quem, e também Fred, aparecem colocando “lenha na fogueira”, isto é, mexendo nos brios da rapaziada, e de forma veemente, contundente.

Os dois pontos principais foram mencionados pelo apresentador. Primeiro, um jovem já assumindo uma postura de liderança e, no caso de Fred, uma parte em que ele pede total entrega, dizendo que após o jogo, isto feito, todos irão concluir que terá valido a pena…. Duas belas sacudidelas. Duas belas mensagens pré-jogo. Aí, entra o Cereto, com seu jeitinho doce, mas a fisionomia já demonstrando que não concordava e, numa sacada espetacular, solicita a algum companheiro, telespectador ou, a quem quer que seja que, apresente a ele a gravação da corrente da Seleção Brasileira nos 7 a 1 da Alemanha, principalmente a mensagem do Felipão. Cereto, mesmo eu discordando, e depois explico o motivo, se advogado fosse, e se num julgamento estivesse, ante tão talentoso argumento, teria ganho a causa. Em síntese, para ele, este momento do futebol é puro folclore. Mais ou menos como dizia Neném Prancha que, se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminaria empatado…

Com respeito aos argumentos, aí, fico mais com o Neném Prancha, e discordo, pedindo mil desculpas ao Cereto. Em grandes jogos, e com grandes times, o que acontece antes dos jogos em cada vestiário é parecido. O aspecto motivacional é muito importante. Pode não ser para quem tenha outro tipo de cultura, como por exemplo, para quem joga no futebol europeu. Aqui, a banda toca de maneira diferente. Imaginemos um Fla-Flu. Haverá a corrente, com certeza, momentos antes do jogo, nos dois vestiários. Claro que, só uma das equipes poderá sair com a vitória. Só que a vitória será definida dentro de campo. Se um dos times não sair do vestiário psicologicamente pronto, já entrará derrotado. A derrota terá sido decretada antes do jogo, no vestiário.

Sou testemunha auditiva e ocular, e também participante, de que muitos jogos foram ganhos no vestiário. Aliás, há momentos em que o vestiário é como se um templo fosse e, como tal, o pastor é decisivo. Fabio Luciano, para mim, foi o Pelé dos pastores. Como ganhou jogo…