(Reprodução da internet)

O caroço de azeitona

Jorge Curi, um dos super monstros sagrados da locução esportiva, assim definia a Rádio Globo: “Engole um elefante e engasga com um caroço de azeitona”.

O que ele queria dizer com isso? Que a emissora, à época, líder e com descomunal audiência, era capaz de viabilizar projetos descomunais e, vez por outra, escorregava em bobagens e picuinhas não pertinentes a tamanha grandeza.

O Flamengo, não o da época de Jorge Curi, mas o de hoje, é o retrato da Rádio Globo de ontem.

Não é de hoje que o clube vem sofrendo uma profunda reformulação. É verdade que os fatos novos, como o aumento significativo nas cotas de TV, o volume de dinheiro jamais visto nos mais variados patrocínios e o projeto sócio torcedor, contribuíram para a metamorfose rubro-negra, porém, se não tivéssemos tanta gente séria e competente, desde o fato novo que foi a chapa azul, os resultados esportivos e o equilíbrio financeiro, não teriam chegado tão rápido.

Em síntese, quando a dívida diminui de forma tão acelerada, quando demonstramos vigor financeiro repatriando jogadores de peso, quando conquistamos o Brasil e a América, como diria Jorge Curi, engolimos vários elefantes.

Infelizmente os caroços de azeitona, tão pequeninos, podem nos fazer engasgar.

Exemplos: Investimos fortunas para montar um baita elenco, porém, vamos iniciar uma Copa Libertadores sem nosso espetacular lateral direito Rafinha, sem que tenhamos um reserva minimamente confiável. E, não foi por falta de aviso…

Outro exemplo: a fase está tão boa que temas prioritários de bastidores não estão sendo levados a sério, como a “mosca” que comemos quando não cuidamos como deveríamos de estar em cima da CBF, checando como sairia a tabela do Campeonato Brasileiro. O resultado todos já sabem. Embora tivéssemos o direito de jogar este ano o último jogo no Maracanã, vamos para a última partida, contra o São Paulo, no Morumbi. Este era um direito certo, já que, pelo critério de revezamento, criado pela própria CBF, como no ano passado terminamos jogando fora contra o Santos, este ano deveríamos terminar o campeonato jogando em casa.

Para os que estão pesando que tanto faz, que o Flamengo vai ser campeão com quatro rodadas de antecedência, lembro que este ano é atípico, com Copa América – de novo – e, eliminatórias, quando em função do citado, jogaremos sem vários titulares importantes.

Humildade, como canja de galinha, não faz mal a ninguém. Aliás, talvez seja a humildade o melhor remédio para não se engasgar com um simples caroço de azeitona.