Paciência, virtude que passa longe da Gávea

Camacho, à época vestindo a camisa Rubro-Negra.

Camacho, à época vestindo a camisa Rubro-Negra.

Ontem, após o jogo Audax e Santos, comecei a assistir uma entrevista em que o repórter apresentou o entrevistado da seguinte forma: “estou ao lado do grande talento deste time do Audax, o craque deste campeonato Paulista, e aí Camacho, resultado justo?”

A fisionomia do entrevistado me pareceu familiar, apesar da barba que até então não conhecia. A ficha caiu. Camacho, o talento do time do Audax e o craque do campeonato paulista, é o menino Camacho que vi nascer no Flamengo.

Como talento é coisa rara, já na categoria de juniores dava para ver que ali estava um jogador diferenciado. A intimidade com a bola, a visão de jogo, os passes decisivos e a dinâmica de jogo, marcavam aquele menino franzino.

Lembro que, como havia uma corrente no clube que defendia a tese de que ele precisava jogar para amadurecer, foi por um período emprestado ao Vitória, onde, segundo meu amigo Alexi Portela, à época presidente do clube baiano, Camacho foi muito bem.

Daí em diante os nossos caminhos não mais se cruzaram, o que foi acontecer na entrevista que aqui mencionei. De tudo isto, fica em mim uma sensação de que paciência não faz parte do dicionário Rubro-Negro. Sempre foi assim. Vários bons jogadores acabaram estourando em outros clubes pelo fato de querermos tudo para ontem. Zico, o maior jogador da nossa história, só se transformou no Zico que veneramos, a partir dos 23 anos e, estou falando de Zico…

O resumo da ópera, é que quando aparece alguém talentoso, o que é muito difícil nos dias de hoje, toda paciência do mundo é fundamental, senão, os Camachos da vida vão virar craques longe da Gávea e, proporcionar títulos e glórias para outras torcidas.