Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa

O título do post tem tudo a ver. Na forma e no conteúdo.

O criador desta máxima popular é um grande rubro-negro e, teve a maior etapa de sua vida profissional ligada à Rede Globo. O título, criado por Paulo César Ferreira, é absolutamente adequado ao momento em que Flamengo e Rede Globo vivem às turras.

Uma coisa, para o Flamengo, foi a alegria por tudo que ocorreu na noite de quarta-feira, quando a FLATV deu o seu primeiro passo de gente grande, batendo o recorde mundial de uma transmissão esportiva ao vivo pelo YouTube. Todos nós rubro-negros ficamos pra lá de orgulhosos. A alegria foi tanta que, embora jogando um futebol de primeira, pouca gente comentou a vitória dos nossos meninos. O gol de placa não foi de Gérson, foi da FLATV.

Talvez o sentimento reprimido de mostrar ao mundo que estamos prontos para – se necessário for – caminharmos com nossas próprias pernas, tenha tomado conta de cada um de nós.

Isto é uma coisa.

A outra coisa é que a necessidade de atingir toda sua gente, do Oiapoque ao Chuí, faz com que o Flamengo não deixe de entender que, para este objetivo, neste momento, não há como não ser e continuar desenvolvendo parcerias com a Rede Globo.

Para se ter uma ideia, a transmissão do jogo do Botafogo, por TV aberta, na Globo, em cinco praças (Grande Rio, DF, Grande Belém, Grande Vitória e Manaus), teve o dobro de telespectadores que a transmissão do Flamengo, pelo YouTube, em todo território nacional.

O que estou querendo dizer? Simples. Estou afirmando que o Flamengo não pode se afastar de sua gente e, não esquecendo que a maioria esmagadora dos torcedores rubro-negros está Brasil à fora e não, no Rio de Janeiro.

Provavelmente daqui a um bom tempo e, ponha bom tempo nisso, o panorama possa estar modificado, com toda população brasileira tendo acesso à internet. Infelizmente, em função da nossa dimensão continental, este mecanismo sequer, ainda, atinge a maioria, ao passo que, a Rede Globo penetra em mais de 98% dos lares brasileiros.

Em síntese, comemoremos a nossa conquista, mas não esqueçamos que a prioridade do Flamengo ainda é inalcançável para ela.

O momento requer sabedoria e espíritos desarmados. Não é possível que não esteja claro para quem dirige o Flamengo e a Rede Globo que este racha beira a estupidez. Não preciso dizer que foram feitos um para o outro, mas posso assegurar que dependem um do outro.

Torço e, muito, pelo entendimento. Torço para que a sensibilidade seja a palavra de ordem, na Gávea e no Jardim Botânico.