(Foto: Lucas Uebel/Grêmio)

Será que o errado sou eu?

Levei um susto lendo uma matéria no Globo.com, em que um dirigente do Grêmio, com delicadeza, dizia que iria tentar incomodar o treinador Renato Gaúcho, o mínimo possível, no seu período de férias e, que prometia não tomar muito o tempo do treinador, caso alguma consulta sobre a formatação do elenco fosse necessária.

Aquilo foi uma cacetada em tudo que vivenciei profissionalmente, pois há profissões que são verdadeiras exceções, que fogem ao lugar comum e que requerem uma certa dose de sacrifício, muito embora isto nada represente quando se faz por amor.

Trabalhei como repórter durante um belo tempo da minha vida. Nunca tive sábado, domingo e, feriado. Não doeu nada, pois eu amava o que fazia. Aquilo para mim não era trabalho, era prazer, com extrema responsabilidade.

E, quando há amor, quando há sinergia, tudo se resolve, como por exemplo a convivência familiar. Exemplo? Klebinho e Dudu esperavam terminar minha última participação noturna radiofônica, que era o “Esporte no Ar”, na Rádio Globo, para irmos jogar bola na Lagoa, de onde saíamos suados para o Aurora, em Botafogo, onde eles tomavam suco, e eu, minha “papinha”…

Querem saber qual é o período mais importante para um treinador? É este que começou hoje!!! Esta é a hora de começar de forma objetiva a montar o elenco para o ano seguinte e, como todos sabem, isto requer inspiração e transpiração, o que demanda tempo e concentração total.

Claro que haverá um momento em que quem participa deste processo vai começar a pensar em mudar de vida, pois, inegavelmente, requer sacrifícios, inclusive o familiar, porém, enquanto se está dentro do processo, é mergulhar de corpo e alma, até porque, este é o fio da meada para futuras grandes alegrias, inclusive de ordem financeira. Portanto, não consigo entender como no futebol, por mais importante que seja o treinador, possa ele julgar um fardo abrir mão de um período de férias em favor do futuro que está logo ali…


(Foto: Rubens Chiri / Divulgação Saopaulofc.net)

O treinador do futuro muito próximo

Dando seguimento ao tema, mudando um pouco a direção do barco.

Conversando com queridos amigos – e, alguns deles, rigorosamente do ramo – levantei a seguinte tese e, claro, pensando em Flamengo.

Já é hora de, com extrema responsabilidade, começar a se preparar para ter um treinador que fuja ao lugar comum. Não que o “lugar comum” seja ruim, muito pelo contrário, só que o “lugar comum”, também faz aniversário…

Quais são os treinadores consagrados, em atividade que, podemos nós ou, qualquer clube, contratar? Felipão, Renato Gaúcho, Mano Menezes, Dorival Junior, Levir Culpi, Abel? Pois é… Convido para uma reflexão e, de cara, ante a idade dos aqui mencionados e seus compromissos já assumidos, fica mais do que claro que, mais dia, menos dia, a renovação será inevitável.

Não para fazer o que a direção do Flamengo fez, efetivando como treinador alguém completamente fora do contexto da bola, sem nunca ter tido qualquer identificação com este mundo. Digo isto para lembrar que há no mercado um treinador começando a carreira, porém, com uma baita vivência e, vitoriosíssima carreira.

Estou me referindo a Rogério Ceni que, em sua longa trajetória como jogador, foi um grande vencedor e, de tudo que se possa imaginar no futebol. Campão Paulista, Brasileiro, da Copa Libertadores, do Mundial, onde foi protagonista e, campeão do mundo pela Seleção Brasileira. Antes que alguém do contra diga que foi campeão do mundo pela Seleção sem ter jogado uma única partida, respondo, com uma pergunta: “e a experiência acumulada, não vale nada?”.

Rogério Ceni errou ao começar no único lugar onde não deveria, pois no São Paulo foi um grande ídolo e, isto ao invés de ajudar, estava na cara que atrapalharia. Com humildade, foi encarar o batente no Nordeste, onde se viu ante um enorme desafio e saiu vencedor, colocando o Fortaleza na primeira divisão e conquistando o título da segunda, divisão, com quilômetros de pontos de diferença para as outras três equipes que subiram.

Paralelo a tudo que aqui coloquei, Rogério é um líder na acepção da palavra, de um nível cultural muito acima da média e, com um tesão descomunal em vencer.  Em síntese, vejo Rogério Ceni como a melhor expectativa neste mercado da bola. Fosse ele uma empresa, compraria todas as ações que pudesse. Fosse eu presidente do Flamengo, o contrataria, ontem!!!

E, antes que alguém do contra afirme que Rogério já renovou com o Fortaleza, respondo com uma máxima; “Isto aqui, é Flamengo!!”