(Foto: Marcelo Gonçalves / Agência O Dia / Estadão Conteúdo)

O drama do amigo

Como é do conhecimento de todos, somente quatro clubes que disputaram a primeira divisão do futebol brasileiro não foram rebaixados e, isto tem para os torcedores de Flamengo, São Paulo, Santos e Cruzeiro, um carimbo mágico, de honra que representa algo mais, quase que uma conquista.

Em 2005, como dirigente, convocado em cima da hora, ao lado de Helinho Ferraz, pelo então presidente Márcio Braga, me vi diante de um dos mais importantes e complicados desafios, pois tinha a noção exata do que representa para qualquer rubro-negro a importância de jamais ter visto o Flamengo na segunda divisão.

Costumo dizer que sair daquele buraco, onde os matemáticos de plantão anunciavam que era de 94% a nossa possibilidade de rebaixamento, foi como conquistar um campeonato, só que, sem volta olímpica.

Neste momento, o Cruzeiro passa por drama muito parecido, onde os matemáticos afirmam ser de 85% a possibilidade de queda.

Torço para o Cruzeiro sair dessa. Até porque, amor, com amor se paga.

No Mineirão, no dia 15 de novembro de 1995, dia do nosso centenário, vencemos o Cruzeiro pelo placar de 1 a 0, gol de Ronaldão. O Flamengo já havia sido homenageado de todas as formas antes do jogo.

As gentilezas e afagos da diretoria cruzeirense, em especial do então presidente Zezé Perrela, foram inúmeras, porém, de forma espontânea, a torcida do Cruzeiro, ao apito final do árbitro, mesmo tendo perdido o jogo, puxou o “parabéns pra você” e, encantada, a torcida do Flamengo foi no embalo e, juntos comemoramos os 100 anos do Flamengo.

Chorei muito naquele momento e, confesso que, até hoje, toda vez que esta imagem me vem à cabeça, me emociono.

O drama por que passa um gigante do futebol brasileiro ante tal situação é, realmente, terrível. Machucado que jamais cicatrizará.

Sorte, inspiração, determinação e transpiração aos nossos amigos azuis.