Clebinho e Dorival

Gol contra

Chegando em casa, mal peguei no telefone e as mensagens começaram a pipocar, uma atrás da outra. De cara, me passou pela cabeça que o Flamengo pudesse ter feito uma investida para ter Neymar ou, quem sabe, tivesse contratado Cristiano Ronaldo…
Nada disso! O “tiroteio” rubro negro tinha como motivo a demissão de Clebinho, roupeiro do clube desde o ano 2000! Pela figura humana extraordinária, e pela hiper competência profissional, que vai muito além das obrigações de um roupeiro, amado e admirado por quem quer que pelo futebol do Flamengo tenha passado, achei estranho, pois a notícia falava em demissão sumária.

Continuei a ler a matéria. Clebinho – que é vereador na sua cidade, no interior do Rio de Janeiro desde 2020 – foi demitido pelo fato de ser candidato a deputado estadual.
Ia imaginando poder o Flamengo ter razão em demitir Clebinho, por não admitir uma dupla função, quando me veio à cabeça que, esta dupla função – cargo público, (vereador) e funcionário do clube – está completando quase três anos e que, tem o Flamengo um vice-presidente de Futebol, Marcos Braz, que também é vereador e, igualmente, pretende ser deputado, só que federal.

Analisando mais profundamente, chego à conclusão de que, no mínimo, há enorme  incoerência. Primeiro, por que só agora a dupla função de Clebinho foi motivo para sua demissão, se este fato ocorre faz bastante tempo?
Em segundo lugar, não seria até mais prático Clebinho, sendo eleito deputado estadual, trabalhar na cidade do Rio de Janeiro, do que como vereador no interior?
E, para culminar, com o nosso vice de futebol, o inverso. Se eleito deputado federal deixará de trabalhar no Rio para fixar residência em Brasília.
Enfim, tudo muito estranho, com o candidato a deputado federal demitindo o candidato a deputado estadual…

Quem não conhece o dia a dia do Flamengo pode achar anormal que se esteja dando tanta importância a alguém cuja função não seja a de jogar bola. Enorme engano! Clebinho está para todo futebol do Flamengo como Ximbica, também roupeiro e já falecido, estava para o Fluminense e para a Seleção Brasileira. Estou falando de dois verdadeiros psicólogos, craques na arte de aglutinar. Qualquer jogador do Flamengo, do passado e do presente, sabe do que estou falando.
Há na vida, em cada profissão, os “Pelés”. Demitimos o Pelé da rouparia, além de psicólogo de vestiário.
Lamentável!