Cornetas e cornetadas

(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

Qual a diferença? Simples.

As cornetas soam como sinal de alerta, têm o otimismo como alicerce e o objetivo único de um futuro feliz.

As cornetadas, ao contrário, bailam de acordo com os resultados e, quando negativos, são válvulas de escape do inconformismo e do péssimo humor.

Faço esta introdução para sugerir aos queridos companheiros e amigos deste blog, profunda reflexão sobre o jogo de ontem e, em função disso, dos inevitáveis comentários. As cornetas são pontuais. São sopradas em função de um lance ou, de um jogo.

Todos que fazem parte deste blog são testemunhas de que considero este elenco do Flamengo de bom nível e, que o nosso treinador tem demonstrado coerência na maioria esmagadora dos jogos, escalando e substituindo. Portanto, quando pontualmente, em função de um jogo, critico a postura do meio campo pouco combativo e a isto atribuo a ausência do melhor ladrão de bola do elenco, que é Márcio Araújo, estou apenas soprando a corneta da preocupação, em função do que vem aí pela frente na Libertadores.

Da mesma forma, achei que no intervalo este defeito poderia ter sido corrigido, bem como, o Cirino colombiano ter entrado no lugar de Mancuello. Ah, ia esquecendo. Estranhei na escalação para a cobrança dos pênaltis o treinador ter preterido atacantes em favor de dois zagueiros e, aí confesso que escorreguei, cornetei, pois isto é absolutamente relativo, e a escalação para as cobranças vai muito mais pelo momento emocional do jogador, do que pela posição em que ele atua.

Agora, vamos às cornetadas. Estas normalmente acontecem pelo inconformismo do insucesso, normalmente imediatamente após os jogos, quando a decepção compromete qualquer conclusão mais equilibrada. Quando disse que, para este time, Márcio Araújo é mais útil do que Rômulo, não afirmei que o ex-jogador do Vasco é um perna de pau. Ao contrário, o considero um bom jogador, porém, não tão combativo quanto Márcio Araújo. Ao contrário, houve quem dissesse que Márcio Araújo não sabe jogar bola. Aí já é cornetada… até porque, está muito longe da verdade.

As cornetadas foram além, como as críticas contundentes ao zagueiro Rafael Vaz, fato que considero injusto. Houve até quem aqui comentasse que, antes da zaga ser composta por Rever e Rafael Vaz, ali residia o calcanhar de Aquiles do time. Pura verdade…

Enfim, nas cornetadas sobrou também para: Muralha, Pará, Trauco, Arão, Gabriel, Berrío e, até para Diego…

Continuo achando que temos um bom elenco, com um time quase formado. Não está pronto, pois duvido que alguém garanta ser Mancuello a melhor opção para jogar pela direita, bem como ser Rômulo o jogador que dê consistência e garanta o sistema defensivo.

No mais, que outra dúvida pode haver? Alguém pode comentar que o treinador não é suficientemente experiente, o que é verdade. Mas, aí pergunto principalmente para quem pensa assim: seria sensato, coerente, trocar o treinador neste momento? E, vou adiante: para colocar quem, se os bons estão empregados e o bom que não está (Cuca), não quer saber de treinar time nenhum este ano?

Resumo da ópera: Embora não tenhamos a seleção húngara de 54, temos um bom elenco e um time que, dependendo de um detalhe aqui, outro ali, pode brigar por qualquer título. Claro que, para isto acontecer, há de estar presente, fora e dentro das quatro linhas, a tal da competência, acompanhada por madame sorte…

Este jogo de depois de amanhã pela Libertadores, contra o San Lorenzo, da Argentina, é um bom teste para que tenhamos a noção de por onde anda “dona competência”, e se este time tem poder de superação. E, que “madame sorte” troque o tricolor pelo rubro-negro…