G U E R R A

Pego o título emprestado à nossa Cora Rónai, honra e glória do nosso jornalismo mais puro, doce e competente.

Já estava com a cabeça pronta para sair um dia do tema que nos alimenta a alma e, dividir com vocês o que vem me angustiando. Como há futebol dia sim e dia também e, como a nossa paixão pelo Flamengo ocupa espaço descomunal, vivia protelando libertar este sopro de revolta que está em mim, até que, lendo hoje no Globo a coluna de Cora Rónai, resolvi dividir com vocês o que vem me atormentando.

O Rio de Janeiro vive o seu pior momento e, o sofrimento é o pior de todos, qual seja a perda da liberdade, do direito de ir e vir, até porque, quando se vai não se tem a certeza de que se volta.

Chegamos ao limite máximo da insegurança. Balas perdidas já mataram ou mutilaram neste primeiro semestre do ano centenas de pessoas, inclusive as que por aqui ainda nem estavam, como a criancinha na barriga da mãe. Os assaltos viraram paisagem. Os arrastões, parte do cotidiano do trânsito. A morte, algo natural, como se em guerra estivéssemos. Enfim, estamos vivendo em uma praça de guerra, onde os bandidos, com suas metralhadoras e fuzis à mostra, não têm o menor pudor em aparecer, mostrar a cara, desafiando a lei e o mundo. Agora mesmo, acabo de ser informado de que a Cobal de Botafogo, na movimentada rua Voluntários da Pátria, foi assaltada e que a correria é grande, com a polícia chegando e cercando as saídas de Botafogo.

O que me espanta e revolta é o fato de que, quem tem a obrigação de dar solução a estes problemas, está mais preocupado em resolver os seus problemas pessoais e, que a imprensa, tomada pelo torpor da Lava Jato, não tenha sabido fazer outra coisa qual não seja informar e filmar quem foi ou quem vai ser preso. Procuradores da República, Ministério Público, políticos, mídia, enfim, todos, “inclusive, todos!!!”, perderam o senso hierárquico de importância das coisas e, voltados ao tema da moda, esquecem do tema da vida, da segurança, da sobrevivência…

Não lembro de nenhuma matéria recente – e sou um ser antenado, onde, rádio, TV, jornal e internet fazem parte do meu dia a dia – em que um repórter tenha “encostado na parede”, Presidente da República, Ministro da Justiça ou, qualquer um dos muitos generais, – que parece que também não estão nem aí – para perguntar o que pode ser feito, se há um plano de emergência e, cobrar! Cobrar! Cobrar! E cobrar!!!! Como um quadro do jornalismo da Globo, no RJTV, que, atendendo solicitação da população, vai ao local, filma, cobra dos responsáveis e, marca no calendário o dia em que a autoridade afirmou que daria solução ao tema. No “dia D”, vai lá e mostra se o problema foi ou não solucionado. Elogia ou, enfia a ripa em quem foi incompetente e irresponsável.

Reparem nos noticiários. Claro que se noticia a guerra civil em que vivemos, porém, não é, jornalisticamente, dado o seguimento natural da matéria. Não se cobra, não se aponta os responsáveis e, com isso, muito à vontade fica quem deveria ter feito e não fez.

Como qualquer cidadão, também acho que tudo que estamos observando em termos de corrupção passou do ponto. Como qualquer cidadão, acho que tudo deve ser apurado e que os responsáveis pelos seus atos devem ser punidos. Só que, há no ar algo mais importante, qual seja estancar esta violência que tomou conta das principais cidades brasileiras, com destaque negativo especial para o nosso Rio de Janeiro. Se a mala com 500 mil reais era para o Temer, que se apure, mas que não se esqueça de que mais importante do que apurar este assunto é salvar a vida dos cidadãos que estão acuados e dominados pela marginalidade.

Tenho a certeza de que a gravidade da insegurança no Rio de Janeiro é tão grande que, passa ao largo das soluções que possam ser encontradas pelo governador do estado.  O buraco é enorme e, a solução terá que vir do Governo Federal, que tem o poder de fazer com que as forças armadas entrem em cena. Políticos e imprensa, enquanto só lavam à jato, o Rio apodrece e, os cariocas morrem. Por favor, acordem, tomem vergonha e ajam!!! Imprensa, mostrando e cobrando. Políticos, agindo. Se não, rua!!!

Chegamos ao limite máximo. A partir de agora, a falta de ação do combate à marginalidade só pode ser encarada como deboche. Vamos virar fantoches alienados?