O perigo do retrocesso

 

Lendo os comentários sobre o último post tive a clara sensação de que corremos o risco de abrir mão daquilo que foi conquistado. Como temos a memória fraca, é prudente que recapitulemos que o movimento que nasceu no Copacabana Palace, onde três pessoas (Goni Arruda, Flávio Godinho e o “locutor que vos fala”) se reuniram imaginando um Flamengo novo, com a criação de uma equipe de trabalho preparada, competente, para encarar os desafios de um mundo novo que batia à porta dos clubes de futebol.

A evolução daquela reunião, com a inclusão de muitos outros nomes, redundou na criação da Chapa Azul, onde o propósito maior era estabelecer um novo formato de administração, totalmente descentralizado, com gente competente, profissionais ou amadores apaixonados, cuidando das mais distintas áreas.

A figura única do presidente daria lugar a uma equipe de altíssimo nível. Tanto isto é verdade que, com a impugnação de Wallim Vasconcellos, ante a urgência em definir o novo candidato, surgiu, por sugestão do próprio Wallim, o nome de Eduardo Bandeira de Mello.

Como foi Eduardo, poderia ter sido qualquer outro que admitisse não ser “o todo e único poderoso”, entendendo que o clube seria tocado por uma equipe séria e competente, com cada grupo se responsabilizando pela sua área. O curioso, é que este timaço de dirigentes está hoje dividido entre as Chapas Roxa e Rosa, em verdadeiro atentado à saúde rubro-negra.

Apenas como exemplo, como negar méritos a Luiz Eduardo Batista, o BAP,  polêmico, é verdade, mas genial na construção deste novo Flamengo?  Não estou aqui querendo desmerecer o presidente Eduardo. Apenas quero deixar bem claro que, o principal mérito do atual presidente foi dar continuidade a ideia original, e que quem ganha este difícil campeonato é o time e não uma única pessoa.

A estratégia de formar um grupo competente e independente, a meu conceito, foi responsável direta pelo salto qualitativo do Flamengo, que soube aproveitar – pela competência do grupo – o mundo novo e endinheirado com que os clubes de futebol se depararam. Quem teve competência, como o Flamengo, se deu bem. Quem não teve – e não foram poucos – perdeu uma oportunidade incrível.

Coloquei tudo isso para que os meus companheiros do blog tentem perceber que é um enorme erro querer levantar qualquer bandeira, em que nela caiba apenas um nome, até porque, qualquer que seja este nome, seria um enorme retrocesso, pois a modernidade pede independência de setores, principalmente os vitais, como finanças, marketing e, claro, futebol.  Hoje, o papel do presidente é muito mais institucional, além de ter a obrigação de ser um bom maestro, fazendo com que a orquestra esteja sempre afinada.

Portanto amigos, seja a Roxa ou a Rosa a chapa vencedora, que jamais se perca o caminho conquistado. O super-herói, já era. Hoje, em clube de futebol, a coisa caminha bem com um bom time, composto por craques em cada uma das funções vitais.

Em síntese, o sucesso do Flamengo não se deve a um EBM, e sim, a alguns – roxos e rosas – “EBM’s”…