Domingo de tristeza e de doces lembranças

Perdemos Roberto Dinamite. Com o maior respeito à torcida do Vasco da Gama, um grande, um verdadeiro ídolo, extrapola, vai muito além da paixão intramuros. Roberto, além de ter sido o grande ídolo da torcida vascaína, teve respeito e reconhecimento de todo torcedor. O grande ídolo termina com a camisa repartida. Metade com as cores e escudo do seu clube marcante, e a outra metade dividida por todas as cores dos times mundo afora. Esta mágica nasce de respeito, reconhecimento e uma pontinha de inveja e frustração. Afinal, que torcedor não gostaria de ter visto Roberto Dinamite no seu time?

Convivi intensamente com o camisa 10 do Vasco, principalmente como repórter, em coberturas memoráveis, como na Copa de 78, na Argentina, além dos incontáveis jogos em que Roberto atuou pelo Vasco. Momentos marcantes em uma época em que os profissionais de imprensa iam muito além na relação com os jogadores, do que as enfadonhas e distantes entrevistas coletivas de hoje em dia.

Desta amizade e profunda admiração que tinha por ele, nasceu a ideia do jogo de despedida. Sem nenhum interesse comercial, promovi, junto com meus companheiros da Klefer, a partida contra o Deportivo La Coruña, que tinha Bebeto como atração. Neste jogo de despedida de Roberto, algo mágico e inimaginável: Roberto e Zico, juntos, no mesmo time. Naquele momento, a homenagem suprema. O maior ídolo rubro-negro, com a camisa do maior rival. Homenagem sem limite, que só dois gênios do bem e da bola são capazes de produzir. Um inspirando. O outro materializando no seu gesto a goleada do amor sobre a rivalidade. Este foi um dos mais mágicos momento que vivi no futebol.

Outro momento – e antológico – também envolveu o Flamengo. Márcio Braga ameaçou contratar Roberto ao Barcelona. A turma do Vasco se tocou e impediu o sonho rubro-negro. No primeiro jogo pelo Vasco, goleada sobre o Corinthians, 5 a 2. Roberto fez os 5. Impressionante!!!
Enfim, ficaria aqui durante horas revivendo momentos marcantes e, com certeza, até quando Papai do Céu estiver de acordo em que por aqui esteja, estarei muitas e muitas vezes viajando nas lindas lembranças dos momentos marcantes ao lado de Roberto.
E o gol de lençol contra o Botafogo, hein? Que loucura!
E a decisão de campeonato, em 81, contra o Flamengo, em que Roberto por duas vezes adiou a comemoração do Flamengo? Gênio!!!

E, aos poucos a vida vai levando nossos pedaços. Momento de dor e saudade. Lá se vai mais um querido amigo que, mesmo vascaíno, como presidente do Vasco, me honrou com seu voto na eleição para a presidência do Clube dos Treze. Obrigado, mais uma vez, querido amigo!
O consolo reside no fato definitivo de que o ídolo não morre.
Roberto Dinamite, eterno, viverá sempre em cada coração do mundo da bola.
Descanse em Paz, amigo!
Missão maravilhosamente bem cumprida.