Pitaco do fiel escudeiro

Neste espaço democrático, nada mais justo do que colocar para todos a esperança do meu fiel escudeiro, Robert Rodrigues, em dias melhores para o seu Botafogo. O nosso papo rubro-negro, retorna imediatamente após a estreia de Guerrero, contra o Inter. Diz aí Robert…


Anel inferior vazio, ontem no Castelão (Foto: Christian Alekson / Ceará SC)

Anel inferior vazio, ontem no Castelão (Foto: Christian Alekson / Ceará SC)

Terça-feira à noite,  na expectativa da rodada da série B, comecei zapeando pelos jogos que antecediam a partida do Botafogo. Tudo ia dando certo: o Bahia vencia o Paysandu (até então nosso mais próximo adversário), o Náutico tomou a virada do último colocado, Mogi Mirim, no final do jogo. Assim sendo, podíamos até perder que manteríamos a liderança.

Claro que a expectativa de todos os alvinegros era a vitória sobre o Ceará, equipe que frequenta o Z4 da série B desde o início do certame, mas infelizmente não foi o que ocorreu. A verdade é que a equipe alvinegra é fraca. A defesa estava um verdadeiro queijo suíço, e vem se comportando assim desde a derrota para o Macaé, sendo que o Ceará só não fez gol graças às ótimas defesas do goleiro Jefferson, que salvou uma cabeçada à queima roupa merecedora de qualquer relação dos melhores lances da semana, e que, de acordo com o próprio goleiro, “precisa ser incluída em seu DVD”.

Apesar de não ter marcado, voltei a ficar bastante impressionado com a qualidade do garoto Luís Henrique, de apenas 17 anos. O jovem parece ter o dom, mostrando domínio de bola, bom posicionamento, personalidade e ainda mandou um petardo no travessão, de fora da área, que só não merecia entrar pela falta de qualidade apresentada pelo restante da equipe. Não dá para garantir que Luís Henrique virará um craque, até lá precisa cumprir muitas etapas e passar por muitos sacrifícios, mas que parece uma joia, isso não tenho dúvidas, basta saber como será lapidada.

Um ponto que me chamou a atenção foi que agora, com as novas arenas, times que antigamente possuíam estádios como fortes aliados, perdem essa vantagem. O Castelão de antigamente, quando lotado, era um verdadeiro “caldeirão”, representando significativa vantagem ao time da casa, com o público próximo ao campo fazendo uma pressão impressionante, quase como um décimo segundo jogador (vantagem que vocês flamenguistas conhecem muito bem, diga-se de passagem). No jogo de ontem, em Fortaleza, sabe-se lá por que, praticamente 99% da torcida do Ceará ficou sentada no anel superior do estádio, deixando a parte inferior praticamente vazia, o que diminuiu a pressão sobre a equipe botafoguense ainda mais.

E esse prejuízo não se restringe aos times de Fortaleza, o mesmo ocorre com todas as equipes que tiveram seus estádios transformados em arenas. Um bom exemplo é a Arena Fonte Nova, onde a pressão era gigantesca, mas após as reformas, a força da torcida já não é tão sentida (mesmo que presente). Outro exemplo dessa “redução da pressão caldeirão” pode ser visto na comparação entre o Pacaembu e a Arena Corinthians, sendo o primeiro muito mais efetivo a favor da equipe corintiana que o segundo. Mesmo o Maraca teve um “distanciamento” do público, acho que apenas a torcida rubro-negra não sente isso de forma tão significativa, pois é uma torcida que faz a diferença em qualquer estádio, seja o campo próximo às arquibancadas, ou não.

Como tudo tem seu lado positivo, podemos dizer que até nossa série B tem algumas de suas partidas jogadas em Arenas “padrão FIFA”. Quantos campeonatos de segunda divisão do mundo possuem tal privilégio?

Para terminar, Kleber amigo, preciso lhe dizer algo: Se é verdade que Luís Henrique foi dispensado pelo Flamengo há dois anos, é preciso levantar responsabilidades sobre as peneiras feitas por lá, pois não é possível um clube que sempre foi conhecido por ser um grande celeiro de craques, deixar um talento como ele escapar.

E obrigado pela oportunidade, é sempre um prazer ler seu Blog, poder agora contribuir com seu conteúdo é algo para se levar ad eternum!

Robert Rodrigues