(Reprodução da internet)

Farinha pouca, meu pirão primeiro

Como o tema central do nosso blog é o Flamengo e, por conseguinte, a emoção sempre predomina, talvez seja este um dos posts mais difíceis para que o meu pensamento esteja de acordo com o de muitos amigos e companheiros.
Sabem por que não acredito que tão cedo a tão sonhada liga dos clubes seja criada?
Porque continua prevalecendo aquela velha máxima nordestina: “farinha pouca, meu pirão primeiro”.

O tema do dia: a reunião na CBF, que contou com todos os clubes da série A, com exceção do Flamengo, que – embora convidado – não enviou representante.

Nesta reunião, os clubes defenderam a tese da isonomia, isto é, igualdade como regra número 1. Aliás, é este o princípio básico de qualquer atividade esportiva. Por isso, combato com todas as minhas forças os jogos na altitude. Isto é desigual, injusto.
O problema de hoje, e os que acompanham o nosso blog são testemunhas, anunciei lá atrás. Como vivemos em um país continental, em meio a uma pandemia que já ceifou a vida de quase seiscentos mil brasileiros, estava na cara que as prefeituras e governos de estados poderiam tomar decisões distintas, até antagônicas, pois em uma determinada cidade a pandemia poderia estar controlada e, em outra, o perigo poderia continuar latente.

Ainda na pandemia, mas entrando no terreno do futebol, o Grêmio, que jogou em seu campo sem a presença de público, não admite jogar no Maraca, tendo o Flamengo o apoio de sua torcida. O que o presidente do Grêmio pleiteia nada mais é do que o respeito à isonomia – princípio, meio e fim – de qualquer atividade esportiva.

Flamengo e Atlético Mineiro conseguiram medida liminar que garante, quando mandantes e, respeitando normas de suas respectivas prefeituras, ter público em seus jogos.
Na citada reunião na sede da CBF, o clube mineiro aderiu ao argumento das outras dezoitos equipes para que a igualdade fosse respeitada, porém, deixando claro que, se o Flamengo utilizasse a medida liminar, utilizaria do mesmo expediente.
Ante tal posição, os dezoito clubes resolveram que, de forma conjunta, tentarão cassar as liminares de Flamengo e Atlético, junto aos mesmos juízes que as concederam.

Estava na cara que isto iria ocorrer. Infelizmente, aqui no Brasil, a razão passa ao largo do interesse coletivo. Lei de Murici. Cada um cuida de si.

Mesmo rubro-negro, doido para voltar ao Maraca, por uma questão de consciência e justiça, apenas reitero o que faz um tempão, aqui alertei. A igualdade deve ser respeitada. Sem ela, nenhum resultado esportivo será justo.
Em competições mata-mata, ou se admite público nos dois jogos ou, sem público nos dois.
Imagine uma situação inversa: Atlético x Flamengo, com público no Mineirão e sem público no Maracanã. Não iríamos espernear até a morte?

Enfim, embora a bandeira que defendo não seja popular, não vá agradar a muita gente, ao menos está de acordo com a minha consciência.

Uma coisa é certa: com este tipo de comportamento, e sem falar nas vaidades, a criação da sonhada liga dos clubes fica cada vez mais distante.