Domingo doce e amargo

Ilustração: Mario Alberto (Meu Pequeno Rubro-Negro)

Ilustração: Mario Alberto (Meu Pequeno Rubro-Negro)

No plano familiar/afetivo, um domingo especial. Só agradecer à Deus a oportunidade de estar junto a tantos amores de vida, independente do grau de parentesco, até porque, entendo isto como relativo. O que vale mesmo é a intensidade do sentimento, o bem querer, a amizade, o carinho, o cuidado, o saber se dar…

No dia dos pais, juntamos alguns parentes e amigos, com suas respectivas sequências naturais, o que transformou o “nosso mundinho” em algo realmente mágico, pois numa escadinha dos três aos sessenta anos, as cores da vida se misturam com tanta sabedoria que são capazes de produzir verdadeiras obras de arte.

Não vou aqui entrar no pessoal, no lado emotivo, pois cada um de nós tem a sua história de vida e, em cada uma delas, já deve ter havido muito com que se emocionar neste dia de encontro e de saudade.

Vamos para o lado alegre. O mais engraçado momento de hoje para a nossa turma foi proporcionado pelo “discurso” do meu filho, Klebinho, que embora quem não o conheça tenha a impressão de ser sisudo, na realidade é um grande gozador e, engraçado. Interpretou ele, com rara competência, este texto tão pertinente ao dia dos pais:


Carta de um filho ao seu pai.

O pai entra no quarto do filho e vê um bilhete em cima da cama. Ele vai até lá, já temendo o pior, e começa a ler o seguinte:

“Caro Papai,

É com grande pesar que lhe informo que eu estou fugindo com meu novo namorado, Juan. Estou apaixonado por ele.

Ele é muito gato, com todos aqueles “piercings”, tatuagens e aquela super moto BMW que tem.
Mas não é só por isso, descobri que não gosto de jeito nenhum de mulheres, e como sei que o senhor não vai consentir com isso, vamos fugir e ser muito felizes no seu “trailler”.

É que ele quer adotar filhos comigo, e isso foi tudo que eu sempre quis para mim.

Aprendi com ele que maconha é ótima, é uma coisa natural que não faz mal pra ninguém, e ele garante que no nosso pequeno lar não vai faltar marijuana.

Juan acha que eu, nossos filhos adotivos e os seus colegas “gays”, vamos viver em perfeita harmonia.

Não se preocupe papai, eu já sei me cuidar, apesar dos meus 15 anos já tive várias experiências com outros caras e tenho certeza que Juan é o homem da minha vida.

Um dia volto, para que o senhor e a mamãe conheçam os nossos filhos.

Um grande abraço e até algum dia.
De seu filho com amor.”

O pai quase desmaiando continua lendo.

PS: Pai, não se assuste.
É tudo mentira e estou na casa da Mariana, nossa vizinha.
Só queria mostrar pro senhor que existem coisas muito piores que as notas vermelhas do meu boletim que está na primeira gaveta.


Até aí, foi o domingo doce. O amargo, por conta da nossa paixão. Não quero aqui entrar em detalhes, mas não foi um resultado justo. A dona sorte, toda vez que jogamos em Campinas, parece que sai de férias e vai para a Patagônia. Que golzinho infeliz que tomamos…

Pena, pois achava que este seria um jogo perfeito para uma grande arrancada. De ruim, ficar sem o Guerrero para o próximo jogo por ter levado o terceiro cartão amarelo. Aqui pra nós, o fim da picada. Zagueiro, volante, enfim, quem marca, levar cartão, faz parte. Agora, atacante… Até o nosso Guerrero precisa de uma conversinha ao pé do ouvido e, embora muita gente não saiba, estas conversinhas ganham jogos e até campeonatos.

Que todos os papais, tirando o jogo de hoje, tenham tido um lindo domingo.