Foto: André Durão

Tiro no pé

Antes do nosso jogo pela Copa do Brasil, não há como deixar de lado a preocupação pelo rumo equivocado que está sendo dado ao futuro do clube mais popular do país.
Em 1995, quando assumi a presidência, duas verdades estavam claras na minha cabeça. A primeira tese, pregada por Márcio Braga, de que a abertura ampla, total e irrestrita participação dos rubro-negros, espalhados Brasil afora, na vida do clube, era fator decisivo para o Flamengo ser do tamanho de sua torcida.
A segunda tese, de João Havelange, de forma pragmática, afirmava que “administrar é gerar recursos”.

Tendo como inspiração estes dois caminhos foi criada a campanha “Seja Sócio”, que tinha como grande novidade o “Sócio Off-Rio”. Saímos de seis para quase quarenta mil sócios, com picos de sessenta mil. Era o início da grande abertura rubro-negra.
Paralelo a isso, nascia a TV Interativa, que logo depois se transformou em FLA TV, com vertentes jornalísticas e comerciais, ampliando a comunicação com o nosso povo e, consequentemente, crescendo o faturamento que, aliado a uma quantidade de ações de marketing, recolocaram o Flamengo como instituição respeitada, cumpridora fiel de suas obrigações, inclusive e, principalmente, com seus mais de 600 funcionários e profissionais do futebol que, ininterruptamente, durante quatro anos, receberam seus salários, rigorosamente, em dia, infelizmente, até então, prática rara no dia a dia do clube.

O verbo LIMITAR nada tem a ver com o Flamengo. AMPLIAR, este sim, é o verbo pertinente.
Infelizmente, um pequeno grupo acaba de LIMITAR a participação dos sócios OFF-RIO nos destinos do clube, inclusive, para eleger seu presidente.
E pensar que em recente votação para eleger o presidente do River, da Argentina, compareceram mais de 45 mil sócios e a eleição foi decidida por 1 voto…
Que inveja!!!

Afinal, que medo é esse de que nossa torcida, que queira se associar ao clube, tenha influência no processo eleitoral?
O Flamengo não é um clube de elite. Nossas raízes são populares e, baseado nelas, devemos respeitar a coerência, dando voz à nossa gente.
Algo precisa ser feito para corrigir este absurdo, esta monumental grosseria que apequena a nossa paixão comum.

Agora, o jogo:
Flamengo 2 x 0 Altos-PI

Não há como se comentar um jogo de um time só. O time do Altos do Piauí é muito limitado e, mesmo assim, tivemos bastante dificuldade em apresentar um futebol, minimamente, razoável. De bom, a volta de Rodrigo Caio. E, ponto!
Será que não fica claro para qualquer pessoa, com um mínimo de sensibilidade, que alguma sacudidela precisa ser dada para que não seja um sofrimento ver o Flamengo jogar, mesmo vencendo?