A justiça tarda mas não falha

Time do Flamengo Campeão Brasileiro de 1987

Time Campeão Brasileiro de 1987

Quem já não ouviu? Pois bem, até para os descrentes desta máxima, de que a justiça tarda mas não falha, está chegando a hora de presenciar, ao vivo e a cores, até porque será transmitido pela TV, se a máxima retrata a verdade, ou se não passa da “historinha do Boitatá”…

Como já é do conhecimento de todos, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou o recurso do Flamengo e, desta forma, com o rubro-negro carioca vencendo esta penúltima batalha pelo título de Campeão Brasileiro de 1987, a decisão será do Supremo Tribunal Federal. Caberá ao mais importante Tribunal da justiça brasileira definir, de uma vez por todas, no campo do direito, quem foi o Campeão Brasileiro de 1987. Sim, no campo do direito caberá ao STF, porque de fato, ninguém tirará este título do Flamengo.

Para os mais jovens, relembro aqui que, neste campeonato, os clubes foram divididos em duas turmas. Uma, com os principais clubes do Brasil, e a outra, com clubes de menor expressão, como se segunda divisão fosse. Naquele tempo, havia o Clube dos Treze, espécie de quartel general dos clubes grandes, que reagiu a uma manobra política da CBF, que em decisão estapafúrdia, determinou o cruzamento das duas chaves, com campeão e vice de cada uma delas decidindo o título brasileiro. O Clube dos Treze, por decisão unânime, determinou que Flamengo e Internacional, respectivamente, campeão e vice da turma da primeira divisão, não deveriam participar deste cruzamento. E, como não poderia ser de outra forma, os clubes cumpriram a decisão do Clube dos Treze.

Na queda de braço, para dizer que quem mandava era ela, a CBF acabou proclamando o Sport Campeão Brasileiro de 1987. De lá para cá, muitas ações na justiça em que o clube pernambucano agiu mais rápido. Houve também um episódio importante quando o Sport lutava para fazer parte do Clube dos Treze. Nesta reunião, como representante do Flamengo, lembrei que o estatuto do Clube dos Treze determinava que, para que qualquer clube passasse a fazer parte da instituição, era necessária a aprovação, por unanimidade, dos clubes fundadores. Concluindo, disse na reunião nada ter contra a entrada do Sport como novo membro, porém para isto, o Sport deveria assinar o documento que já estava preparado, reconhecendo o Flamengo, junto com o Sport, como legítimos Campeões Brasileiros de 1987. O documento foi assinado pelo presidente do Sport e engavetado no Clube dos Treze, em função de “pressões irresistíveis” de “forças ocultas”… Este bendito documento só apareceu muito tempo depois, tendo sido encaminhado, já livre das pressões, por Fábio Koff, para a CBF que, diga-se de passagem, na gestão Ricardo Teixeira, proclamou o Flamengo como o Campeão Brasileiro de 1987. Depois, o Sport retornou ao judiciário cassando a decisão da CBF.

Vamos agora para o último capítulo. O julgamento final, que será transmitido pela TV Justiça, marcará talvez um fato inédito na televisão brasileira. Os números do IBOPE vão confirmar a maior audiência na história da TV Justiça, que vai ter mais gente grudada na telinha do que a maioria esmagadora dos canais abertos. Estará em jogo o interesse, e que interesse, de uma nação…