Os 70 de um ser iluminado e gênio da bola

Paris, 16/06/2019, meia-noite.

Há pessoas que não desgrudam nunca da sua vida, seja por motivo bom ou ruim.

A contratação de Paulo Cézar, à época, um dos maiores jogadores do Brasil, tricampeão pela Seleção Brasileira na Copa do México, pelo Flamengo, foi o meu primeiro grande furo de reportagem, o meu primeiro gol de placa, fato que, com absoluta certeza, foi de fundamental importância na minha vida profissional.

Depois de conquistar o Campeonato Carioca do IV Centenário, em 1965, o Flamengo penou até se reencontrar com o seu caminho natural de vitórias e conquistas. Isto só ocorreu após a proeza de arrancarmos Paulo Cézar, do Botafogo, em inimaginável contratação que mudou o rumo do nosso barco.

Acompanhei todo o movimento desta negociação e, no momento em que senti que estava consolidada, em jogo do Flamengo no Maracanã, peguei o microfone da Rádio Tupi e sapequei: “Bomba! Bomba! Bomba!!! Às cinco, em ponto, vou anunciar a maior contratação na história do Flamengo!!!”

A correria dos companheiros foi geral. E, a cada quinze minutos, lá vinha eu de novo “Bomba! Bomba! Bomba!!! Às cinco em ponto, a maior contratação rubro-negra de todos os tempos!!!”

Finalmente, às cinco horas, contei toda a história, garantindo que  tricampeão do mundo, Paulo Cézar, era jogador do Flamengo.

Os concorrentes reagiram das mais variadas formas. A mais interessante foi a de, hoje, um verdadeiro irmão que, não levando fé, mandou o seguinte recado para os seus ouvintes: “Estão dizendo por aí que o Flamengo vai contratar Paulo Cézar. Isto é uma brincadeira! Fico nu, no meio de campo do Maracanã, no primeiro jogo contra o Botafogo”.

A notícia foi confirmada. Paulo Cézar foi contratado, mudou a vida do Flamengo e, fomos campeões. O meu amigo querido, gênio do Rádio, ex-concorrente, até hoje não cumpriu a promessa…

E, bom que não cumpra, pois a forma não é mais a mesma e, em consequência dos muitíssimos quilos a mais, o espetáculo seria tragicômico…

Paulo Cézar, além de um jogadoraço, foi sempre uma figura amiga, doce e sincera. Tempo bom, em que os profissionais de imprensa se relacionavam com os da bola, e a camaradagem, quantas e quantas vezes se transformou em amizade.

Na Copa de 74 na Alemanha, era para mim, sempre, entrevista obrigatória. Não só pela amizade, mas também e, principalmente, pelo fato de sempre ter sido o nosso personagem um belo comunicador, que nunca deixou de dizer o que pensava. E, com um baita de um vozeirão…

Na vida, conheceu de tudo e, o que mais me impressiona nele é o poder de superação. Conheceu a glória, perdeu momentaneamente o prumo e, como sempre foi um vencedor, deu a volta por cima.

Aos 70 – que hoje completa – está tinindo e, como jogava, continua dando show nas suas colunas no Globo.

Seja bem-vindo ao clube, querido amigo. Antes, admirava. Hoje, te amo!

No seu dia, a alegria é nossa!

Vida longa, querido amigo.