André Durão / GE

Com jogo sério, zebra não se cria

Um amigo tricolor liga e destila o seu doce veneno. “Que moleza hein?…”
Como queria ver o jogo, não dei corda, preferindo concordar, porém, a realidade é outra. Como dizia João Saldanha, “o jogo é mole, mas primeiro tem que jogar”. Se lá atrás quando se dava sopa para o azar, jogando de salto alto, a zebra se criava, imagine hoje com o lado físico mais evoluído, onde as diferenças técnicas foram encurtadas.
Nosso time jogou com autoridade, seriedade e inspiração, e como é infinitamente superior ao Coritiba, o placar de 2 a 0, ante brutal domínio do jogo, foi magro, modesto, diria mesmo, injusto. Foi um jogo, no mínimo para uns cinco a zero.

Fiquei muito impressionado com o início de William Arão que, em quatro lances, pela precisão nos lançamentos, lembrou Gérson, o “Canhotinha de Ouro”, o mais genial camisa 8 do futebol mundial.
Por falar em Gerson, o nosso, novamente, jogou uma belíssima partida. Curioso o que está ocorrendo. Via de regra, um jogador já negociado para o exterior, enquanto não vai, joga com cautela, evitando alguma contusão que poderia jogar o futuro para escanteio. O nosso Gerson tem se empenhado ao máximo, dividindo todas e sem medo de cara feia. Não sei se é uma questão de caráter, de gratidão, de verdadeira paixão pelo Flamengo ou, se tudo isto.

Repararam no Michael? É aquele tal negócio: confiança é quase tudo no futebol. Foi um verdadeiro azougue para a defesa do Coritiba, além de ter corrido uma barbaridade. Valeu a pena abrir mão de parte das férias, começando mais cedo que seus companheiros. Méritos, também, para Rogério Ceni, que teve sensibilidade ao reconhecer o empenho de Michael. Ganhamos um jogador.

Vitinho deixou o jeito vagalume de ser. Agora, fica ligado o tempo todo no jogo, mas sua alternância de jogadas boas e bisonhas é flagrante. A bem da justiça, com percentual favorável para as boas jogadas.
E a nossa gazela voltou. Bruno Henrique, com piques incríveis e jogadas agudas, também foi destaque.

E o Vasco hein? Se continuar nesta batida será sério postulante à série C. Se não houver reação imediata, o risco ficará cada vez mais forte.

Na lei do “farinha pouca meu pirão primeiro”, o Flamengo – de forma oficial – comunicou que não cederá nenhum jogador para a seleção disputar os Jogos Olímpicos. Comunicado que, além de definir posição, declara guerra à CBF. A nota poderia perfeitamente citar apenas os jogadores titulares. Não seria bom, por exemplo, que Diniz, ou qualquer outro jovem, não titular, ganhasse experiência nesta jornada?

E os meus amigos argentinos, uruguaios, americanos, franceses e dinamarqueses, me procuraram durante todo o dia. Queriam saber sobre as escutas nas salas da CBF, identificadas, pelo que se lê, nas varreduras realizadas. Palavra de honra que é duro acreditar. Será verdade?
Se for, qualquer reunião importante passará a ser realizada no shopping mais próximo.
Não bastasse o papelão no combate à pandemia, que torna o brasileiro mais sujo do que pau de galinheiro no exterior, agora essa…

Pelo jeito, três clubes disputarão o título de campeão brasileiro: Flamengo, Atlético Mineiro e Palmeiras.