Catando e contando os cacos

(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

Primeiro sugiro catar os cacos, isto é, tentar entender o desastre de ontem. Nada melhor do que o tempo para que se reflita o suficiente e, como consequência, entender que o emocional é o inimigo número um do bom senso e do equilíbrio.

A frustração de ontem foi tão grande que explica a maioria das reações, através dos comentários dos companheiros rubro-negros deste blog e, minha também. Como não conseguia dormir, li e reli os comentários, tempo suficiente para entender que todos nós, traídos pelo emocional, pintamos o diabo mais vermelho do que realmente ele merecia.

Quando falo no “diabo”, não estou me referindo a uma só pessoa. O “diabo” pode ser qualquer um, jogador, treinador, ou dirigente, até porque, nos comentários de ontem para hoje, “sobrou” para quase todo o elenco, para o treinador, e também para os dirigentes.

Vou começar a minha avaliação pessoal, agora mais sereno, do treinador. Li vários comentários em que a síntese era a de que Zé Ricardo não é treinador para o Flamengo e, estou muito à vontade pois todos sabem da minha premissa de que o treinador tem que ter um tamanho compatível com o Flamengo.

Quando assumiu, Zé Ricardo era do tamanho de uma pulga diante do maior gigante do futebol brasileiro. Hoje, se não é um elefante, também não é um gatinho. Zé Ricardo cresceu, amadureceu, no colo do gigante, colo este, impaciente para ninar e ensinar os caminhos das conquistas, mas ante o imprevisto em determinado momento, foi ele a melhor solução.

Enfim, aqui já disse que, embora discorde de qualquer treinador aprender o ofício no Flamengo, reconheço que, em função do ocorrido com Muricy, e pela disponibilidade que o mercado oferecia, os dirigentes não tinham outra alternativa. Só que, pelos resultados, o interino foi efetivado e, mais uma vez os dirigentes acertaram.

Nesse período de indefinição, até agora, o Flamengo consolidou com excelentes resultados a sua melhor campanha ao longo de muitos anos no campeonato brasileiro. Após uma longa invencibilidade que, se não me equivoco de 10 jogos, galgou a condição de vice-líder e, mesmo após a derrota de ontem, continua na mesma posição.

Há quem abomine a presença de Gabriel no time e, há quem não entenda o fato de Mancuello não ser titular. Respeito estas opiniões, mas faço a seguinte indagação: que jogador Zé Ricardo indicou e que foi contratado? O que quero dizer com isso? Que, sem ter tido o direito de qualquer indicação, trabalhando com o material humano que encontrou, o resultado, até agora, está muitíssimo acima do que os mais otimistas poderiam esperar.

E querem saber mais: acho que Zé Ricardo está tirando água de pedra. Neste rodízio que vem acontecendo, vai injetando confiança até em quem não tem bola suficiente para acreditar em si mesmo.

Sei que vou contrariar muitos companheiros, mas me reservo o direito de ter uma opinião definitiva sobre Zé Ricardo na virada do primeiro para o segundo semestre de 2017, após o novo elenco ter sido montado e, com o trabalho em pleno andamento. Sem saber o que ainda virá neste campeonato, de forma convicta, afirmo que Zé Ricardo já fez por merecer que nele se aposte para um ano novo de muitas conquistas.

(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

Agora, o elenco.

O Flamengo tem um goleiro que, entre os de bom nível, é igual. Nem melhor, nem pior.

Como é que posso deixar de afirmar que Pará se superou e queimou a minha língua, e a de muitos companheiros?

Rever e Rafael Vaz exorcizaram a praga dos zagueiros que entregavam os jogos.

Jorge, alterna momentos brilhantes com sonolência, é verdade. Mas, há outro para se colocar na lateral esquerda melhor do que ele?

Do meio para frente, só há um jogador inquestionável, que é Diego. William Arão, passou perto. É quase inquestionável. Marcio Araújo, como marcador, até porque não há outro, tem a confiança deste treinador e de todos os outros que por lá passaram. Everton, vem a seguir e, seu maior mérito é a regularidade – e ponto.

A partir daí a procura incessante pelo ideal, onde por flagrante deficiência técnica, entra um e no jogo seguinte sai, para outro entrar. E, isto também vale para Guerrero que não consegue equilibrar fama e custo, com produção. E, ante deficiência flagrante, principalmente no ataque, o treinador que se vire nos trinta…

Após catar os cacos, vamos contar os cacos. Faltam sete jogos para cada clube, num total de 21 pontos possíveis. O Flamengo está quatro pontos atrás do líder do campeonato, portanto, matematicamente é absolutamente possível. E, esta possibilidade começa na cabeça e na alma de cada torcedor. Já vi o Flamengo conquistar títulos com times questionáveis. Já vi e vivenciei verdadeiros milagres, como o de fugir do rebaixamento em 2005. Como também já vi título perdido quando já estava “no papo”.

Já vi de tudo e, tudo é possível em se tratando de Flamengo. Estamos em uma reta final, com a possibilidade, embora neste momento difícil, de conquistar o título de campeão brasileiro. Uma vitória aqui e uma derrota do Palmeiras, muda tudo. E, por favor, para isto acontecer, acreditar é fundamental. É possível, SIM!!!

Proponho uma trégua nas cornetadas até segunda ordem. O treinador, questionado por alguns companheiros, precisa de um mínimo de paz para tentar arrumar a casa, muito embora não tenha ele sequer sugerido qualquer item do mobiliário…

Vamos dar força. Vamos emprestar a nossa energia há cada jogo que falta, a começar por este domingo que se anuncia mágico pelo reencontro do time, e nosso, com o Maracanã.

Vamos dar uma força?