De olho nisso, com o coração partido, pensando naquilo…

Dia de despedida. Como é duro conviver tendo que sentir ser arrancado de você um pedaço da sua vida. Assim me senti, ao ter que me despedir de um amigo muito querido. Lá se foi Gilbertinho, talvez o mais puro entre todos os presidentes da nossa paixão comum. Tarde de coração apertado, inconformado, produzindo imagens de tantos momentos especiais que, no fundo, aliviavam a dor. Afinal, o que se leva da vida são os bons momentos.
Muito me impressionou a última imagem de Gilbertinho. Sereno, transmitindo com clareza sua doçura e a certeza do dever muitíssimo bem cumprido. Na vida, em família e no Flamengo.

Nas perdas o ser humano valoriza o que há de bom em sua vida. Como a noite anunciava um suculento Brasil x Argentina, por que não compartilhar algo que poderia ser muito especial?
Na verdade, o jogo de especial nada teve. Muitas butinadas, razoável transpiração, e inspiração reduzida ao talento de Vinícius Júnior, além de uma jogada de Messi, no finalzinho da partida. Zero a zero que traduz em números a pobreza do mais importante clássico do continente.

Melhor do que o jogo, foi o papo que rolou. No quarteto, Dudu, Rada, Otavinho e eu, os olhos na telinha e o pensamento longe, em Montevideo…
A discussão maior, claro, ficou por conta de que time deve ser escalado na decisão da Libertadores. Empate. Metade achando que futebol é momento e, como tal, Michael tem que jogar. Metade achando que Renato não pode abrir mão de jogadores que já foram decisivos, daí, nenhuma outra alternativa qual não seja Michel no banco, pronto para qualquer eventualidade…

As preocupações ainda ficaram por conta da zaga, onde Rodrigo Caio é sempre dúvida e, pior ainda, se houver qualquer problema com Gustavo Henrique ou David Luiz. Já pensaram nisso?

Falou-se também na hipótese de Éverton Ribeiro ser puxado para o meio, saindo Andreas e, daí para frente, com Michael, Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique. Ousado, não?

Pessoalmente, como discípulo fiel da teoria do genial João Saldanha, de que futebol é momento, torço para que Renato Gaúcho não tenha pressa, definindo na véspera o nosso time para o jogo do ano.
O papo foi longe e terminou com um brinde ao querido Gilbertinho. Exaltado como exemplo de doação, amor incondicional, inegociável e definitivo ao Flamengo. Rubro-negro de verdade!!! Mesmo!!!
E, se não bastasse tudo isto, uma figura humana rara. Absolutamente, totalmente, do bem.
Convivendo com perda tão querida e importante, vamos ao final da luta. O primeiro round é contra o Corinthians…